Passibilidade

Terá valido a pena todo esse esforço para me manter em pé? Percebo que muita coisa mudou, ou não. Primeiro que você novamente se firma com a idéia de que é feliz assim, que não precisa de mim. Finge estar realmente contente com o que tem e mente ao dizer que prefere deixar estar. Tantas declarações em vão sou obrigado a ler e reler inúmeras vezes apenas tentando me fazer mudar. Me fazer acreditar que realmente exista algum sentimento teu perante mim. Guardo ainda no bolso o último papel que me foi entregue:

"Todas as tardes são iguais. Tanto tempo sozinha faz-me criar miragens mais impossíveis e mirabolantes. E eu começo a aceitá-las, como se fossem verdades. Verdades cruas, secas, que fazem o coração apertar até o mais mínimo centímetro que cabe dentro de mim. São elas que me transformaram. Não sei mais como agir na sua frente, antes era tão simples. Não sei se sorrir é a melhor resposta, ou talvez admitir o que eu sinto por você, ou então reclamar, cobrar, chorar. Não há mais paralelos, tudo se choca de uma maneira tão, mas tão forte, que se acumula, pesando em mim. Em você. Desculpe-me, a única saída que encontrei é fugir."

E assim o fez. Conseguiu finalmente livrar-me de ti. Sua frieza foi tanta que congelou meu coração. Os lábios estavam secos, gelados, sem vida. Terá todo o seu amor por mim realmente dissipado? Não há o que concluir, after all. Em duas semanas terá feito seis meses.


Um comentário:

Jefferson disse...

a última frase tem uma força impressionante!

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