Existe o meu aparelho celular; eu ganhei ele de uma pessoa
muito especial e notei que suas películas de proteção (frontal e traseira) estavam
já pra ser substituídas. As bordas já estavam descolando e nas suas extensões
era possível ver muitos arranhões e sujeira. A parte de trás foi a primeira a
ser removida, e com pretensão de comprar uma nova já na sequência, nem me poupei
de esforços e a arranquei num puxão só. E foi quando eu percebi que havia, em
seu canto superior esquerdo uma rachadura em forma de raio com 5 linhas
iniciais que se dividiam em várias outras percorrendo uma polegada daquele
canto todo e duas linhas maiores que chegavam até a outra extremidade do
celular, quase atingindo sua ponta de baixo.
O quê foi que eu fiz, meu Deus? Havia arrancado o escudo que restava da proteção posterior do meu aparelho. Pior! não havia
nem notado que ele estava quebrado antes, por dentro! Em toda a minha prepotência, alegava zelar e amar o aparelho como a ti mesmo, pois afinal de contas, era um pedaço de ti, que passavas para mim! E eis que de repente não
consigo nem colocar a película novamente, numa tentativa frustrada de mascarar o
erro, mascarar o problema. Há quanto tempo será que aquele machucado residia
por ali? Por quê ignorei a queda que causou tal ferimento na hora? Por quê
tratei com tanto descaso o seu amor por mim? Sou culpado de toda a minha
tormenta, meu castigo só pode ser o de ter de conviver comigo mesmo. Tendo a
ciência de que tudo é culpa minha. De que não cuidei do que deveria, de que não
há conserto para as feridas no coração. Onde estava focada a minha atenção nos últimos tempos e
qual foi a máscara que tampava todas essas rachaduras? Estava cego. Inseguro?
Cansado. Deixei você escapar das minhas mãos e não consegui segurá-la. Se
espatifou com tudo no chão duro. Terá ficado muito tempo no relento, sentindo
frio, se molhando com a chuva, sendo chutado pelos outros? Te abandonei. Eu sou um monstro.
Em tudo que te prometi, falhei. Só ficaram as memórias de um amor que se
acabou. "Nos meus olhos lágrimas / por amar alguém / que esteve ao meu
lado e se foi".
Não é isso, Oliver. Eu sinto falta de algumas coisas, mas
quando penso em outras, eu desanimo. Você me transformou em um coração de
pedra. Nunca mais amarei alguém. Não consigo liberar meu coração. E nem querer
mais algo com alguém. É isso o que acontece. Foi isso o que você fez comigo.
Ah, pra quê viver, então? Ela não se importa mais comigo - qual
a razão de viver, então? Sem minha princesa, eu poderia muito bem acabar com
tudo. Será a vida é uma prisão em que a única chave é a morte?
Mas eu...
Senti...
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