Desligadão

Hoje foi um dia diferente. Sem precisar do despertador acordei em bom horário e com disposição. Foi estranho, consegui tomar meu café sem ter que me apressar nem nada. Meu cereal e leite restavam na medida exata para a minha tigela. Fiquei bem feliz, afinal de contas, era dia de fazer compras, anyways. O leite, mesmo a um dia da data do vencimento, estava com um gosto normal, gostoso.

Peguei o ônibus, estranhamente vazio, naquela manhã, e fui pra firma. Haviam pavimentado a estrada no dia anterior, então foi possível até tirar uma soneca na ida. A ventilação não estava funcionando, mas o clima estava super agradável, portanto, ela não se via necessária. Despertei pouco antes de chegarmos.

Meu trabalho é bem simples, como devem imaginar. Trabalho com torno em uma empresa de ferramentaria. Nunca sofri ou presenciei um acidente. E olha que trabalho há oito anos aqui. Tive aumento de salário apenas duas vezes, mas não me preocupo com isso porque eu não sou muito apegado ao dinheiro, não. Faço-o por prazer.


Na hora do almoço, fui o primeiro da fila no refeitório; pude escolher bem do que me servir. Bastante arroz e feijão, bife acebolado e salada de alface e tomate. Não bebi nada porque não tava muito afim, mesmo. Só não pude resistir à sobremesa. Aquele saguo delicioso com creme de leite! Até repeti, sem que ninguém notasse. Quão serelepe fui, hoje! O segundo turno foi ainda mais sussegado que o primeiro. Serviço acabou cedo, fui direto à mercearia do bairro.


Comprinhas básicas: pão francês, queijo prato, presunto, geléia de morango, leite integral, café em pó, sucrilhos, banana, maçã, laranja e pasta de dente. Tudo isso por menos de trinta reais, risos. A volta a pé foi tranquila. Peguei quase todos os sinais abertos.

De volta em casa, nem entrei no meu quarto. Me sentia limpinho, não tomei banho e já fui pro curso. Comi uma banana antes de partir na minha magrela azul. Poucos carros na rua, o trânsito estava calmo. Cheguei em vinte minutos. Só tinha uma prova de resistores. Foi bem fácil, até. Terminei rapidinho.

Tava saindo da sala quando percebi que não tinha visto ou falado com minha namorada o dia inteiro. Telefonei pra ela, mas não me atendeu. Lembrei que ela tinha dormido na minha casa. Mas porra, eu não a vi! Voltei pedalando o mais rápido que pude! Furei sinais e quase fui atropelado. Tentando abrir a porta de casa, deixei o molho de chaves cair no chão. Eu tava todo afobado. Quando finalmente consegui chegar no meu quarto, encontrei-a no chão, mortinha da silva. Deu falência cardíaca, não conseguiu nem me acordar pra avisar. Ou talvez tenha sido ela que me acordou. Mas não percebi que ela tava no chão, pela manhã. Deve ter puxado a manta ou coisa parecida. Na verdade foi um dia bem chato.

2 comentários:

Julia Brunken disse...

Foda. Eu arrepio pensando em coisas como essas. Morte súbita das pessoas que você ama, ainda mais quando elas estão tão perto de você...
Mas leite na data do vencimento? Num dá, né. Antes mesmo de dar uns 3 dias da data eu pego nojinho e prefiro dar pra minha mãe ou meu irmão.

Julia Brunken disse...

Mas eu moro no Rio agora!

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