sempre senti a existência de uma entidade superior na minha vida, mas, apesar disso, sempre me senti só. embora meu Deus me proteja e me conforte, sinto que tenha vivido tempo demais sem alguém igual a mim, mortal e falho, imperfeito e idealista. foi um tempo demasiadamente sufocante, meio que de cegueira - ou de vendas, mesmo, já que não se podia olhar para ninguém com real confiança. todos se defendendo de todos e você aberto a elas... isso nunca acabava bem. contudo, quando você se rebela contra os ataques que recebe, passa, sim, a se sentir sozinho consigo mesmo. você é legal, você te faz bem, mesmo que, às vezes, pregue-lhe umas peças com as contradições inatas em sua alma. Uma hora, você não se basta. você fica grande demais para você mesmo. sua presença é querida no final de semana, mas tudo é tão você, tudo é tão previsível, tudo é tão branco, colorido de tatuagem, e verde ou azul de olhar. uma hora, cansa. mesmo. e Deus sempre sorrindo, mesmo com o seu choro, dizendo para não desistir. não desistir de quê, ó rais? até que um dia, você vê que a necessidade de não desistir implica em
não desistir de si mesmo, que um dia essa sua grandiosidade terá valia. até que um dia você encontra um espelho, um humano, falho e ideal como você... e daí você entende pra que servem todas as divagações e o universo de sentimentos que você cultivava nas noites de quarta e de sábado. sentimento cultivado, que era enorme para você, passa a ser o alimento daquele que te é igual. vivi muito tempo sozinha. sou grande demais pra mim mesma e meus ecos me incomodam. não quero mais isso.

***

alegre foi o dia em que deus permitiu que o fardo fosse repartido. Não mais teriam que sofrer sozinhos. Eles agora podiam contar um com o outro parar dividir todos os sentimentos. ruins, bons. Ah, principalmente os bons. O sorriso perduraria agora muito mais, ao verem no espelho o outro. Não mais somente sua própria imagem. A incerteza que antes assolava seu coração, o medo que mantinha suas várias inseguranças à tona agora parecia cada vez mais distante. Sabia que juntos, só podiam melhorar. Uma quedinha ou outra volta e meia claro, havia de acontecer, mas estavam juntos para melhorar. E como o faziam bem, assim; juntos. Os corpos entrelaçados, banhados de suor e gozo. As carícias e contorções involuntárias eram sempre muito bem vindas. Ele via nela tudo o que de bom e de certo podia existir em alguém. Talvez sua adoração o tornasse cego, eventualmente. Mas isso não o impedia de ser feliz. Crescia cada vez mais e sabia disso. Ela, por sua vez, não estava tão contente assim com sua submissão por vezes exagerada, queria que ele também se expressasse e mostrasse que existia alguém ali. Não só uma marionete moldável. Era necessário que ele voltasse seus olhos para si e descobrisse o quão belo também era. Ousadamente a culpava de sua cegueira. "Mas ela é tão linda, como posso ter olhos para outra pessoa, diante dela? Mesmo que esssa outra pessoa seja eu?" Já não podia mais se controlar. Havia facilmente sido domado e não pretendia escapar. Suas forças eram voltadas a satisfazê-la. Viu que o plano não funcionara. Conversaram, conversaram, conversaram, discutiram, brigaram, beijaram, amaram-se. Deveras. Tudo tão gostoso, mesmo quando ela estava sendo rígida, séria e até mesmo "malvada" com ele, não parava de a admirar. "Como é linda", pensava. Seu sorriso o fez abrir os olhos, não só para aprecia-la ainda mais, mas para ver, de verdade, como SÂO LINDOS, OS DOIS. Somados, peças chave em suas vidas. Que agora iriam se juntar DE UMA VEZ POR TODAS!!!! A princesa beijou o sapo? Ou terá dado-lhe um óculos para que pudesse enxergar? Ver finalmente o príncipe que estava escondido por debaixo da viscosa máscara de sapo boi. Quão feliz ficou ele, ao perceber que tudo o que ela dissera agora fazia também sentido para ele. amavam-se. deveras. como poderia ser diferente. guiga e grazy, eles... simplesmente... se merecem.



e ele acarinha o cabelo suado dela após o gozo.
ELA SORRI AGRADECENDo PELO ETERNO INSTANTE que ele vivia

2 comentários:

Nati Busch disse...

eles se merecem, rs.

artes do acaso disse...

essa primeira parte do texto... me identifiquei muito.

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