Pensando melhor agora, acho que eu esperava que tudo ocorresse dessa maneira. Sou tão manipulador de mim mesmo que chega a ser idiota que eu me impressione com um desfecho desses. Mas tá certo. Comecemos a fazer sentido:
Certa vez, - imagino que alguns de vocês possam ser capazes ainda de recordar do caso, reclamado já algumas vezes, movido pelo amor insuperável, submeti-me a encontros semanais com os estranhos amigos da minha namorada da vez.
Era um povo todo mais velho, cheio de experiência! Ou não... Pode-se viver centenas de anos sob a sobra que nada adiantará! Que tipo de conhecimento e vontades levianos podem ser obtidos de uma vida como a que eles vivem? De qualquer forma, todos possuíam o grande anel dourado no dedo certo, o que era meio intimidador, devo confessar. Sendo o único casal prateado e também o mais novo. Mas não temei. O dinheiro justificar-me-á, e tudo será resolvido!
Estranhamente, durante todos esses poucos encontros que tive (e logo entenderão o porquê), os homens ficavam em uma sala, enquanto as mulheres conversavam em outra. Certo, isso pode parecer bom, à primeira vista, não é mesmo? Afinal de contas, o assunto estaria liberado, dessa forma (?) Nem tanto assim. O que os caras lá gostavam de falar era sobre como sentiam falta de seu pai (uns, de fato, já não deveriam estar mais caminhando entre os vivos), e como amavam e precisavam desse outro Um pai. Devo admitir que, por muito, fiquei sem falar, receoso de expor minha pobre e “inexperiente” opinião.
O que aconteceu então foi que não teve jeito de eu me dar bem com eles. E eu sabia o quão importante era para ela, mas simplesmente não fui capaz. O sacrifício se viu por demasiado doloroso. E mesmo sabendo que isso me levaria à ruína, deixei de fazê-lo (...) De qualquer forma, quem sabe isso tudo passe a fazer sentido para mim, hein?
E é esse sacrifício que voltou a me assombrar. Mas deixe-me identificar a personagem feminina em questão, nessa nova e maravilhosa história de amor:
Há alguns anos, vivia eu no último andar de um prédio próximo ao cemitério municipal. Um lugar muito tranquilo, diga-se de passagem. Devem imaginar que meus vizinhos eram razoavelmente quietos. (Claro que eu não falava com nenhum deles, mas eu adorava usar o elevador e conhecer minhas vizinhas. Todas cheirosas e muito bem vestidas. Infelizmente foi só quando eu me mudei pra outro lugar é que comecei a conhecer minhas ex-vizinhas.
Até agora não entendi direito como, mas elas conhecem o Cartau, e a partir daí, fez-se o elo para que elas me conhecessem. Uma a uma foram se apresentando, e eu adorando! Das quatro, três eu recordava com clareza tê-las visto no elevador. Apenas uma que não. E é lógico que seria esta pela qual eu me apaixonaria. Como sou fraco...
Mandávamos apenas cartas um para o outro durante poucas semanas, trocamos fotos e gostos. Ela parecia ser muito sorridente e tinha, de fato, um lindo sorriso. Expunha sempre com delicadeza e alegria sua arcada superior num branco im-pe-cá-vel. Os longos fios de cabelos castanho claros eram visivelmente hidratados de uma forma muito cuidadosa.
Comecei a mandar uns poemas e contos que tinha guardado dos tempos de colégio. Ela demonstrava interesse e pedia por mais. Na época ela nem me inspirava tanto assim, mas isso deveria mudar, tempos depois. Parecíamos compartilhar uma sintonia toda especial, inclusive com um modo carinhoso e só nosso de dizer "bom dia!". Todavia, quando insisti para que nos conhecêssemos pessoalmente, levei um fora. Ela é tão comportada que o cortejo deve preceder apenas o casamento. Perdi o encanto momentaneamente. Paramos de trocar cartas, por algum tempo. Mas o destino ainda nos reservava surpresas...
Alguns meses se passaram, mudei de apartamento algumas outras vezes, fiz novos amigos, mas sem nenhuma grande paixão, nem nada. E certa sexta, ao notar o meu desinteresse em tudo o que não fosse japonês, meu alfaiate me chama pra sair. "Conhecer novas pessoas", disse-me ele. "Sair desse casco sujo aí e mexer um pouco o esqueleto!" A proposta parecia mesmo confiável, e eu não tinha nada a perder. Topei o convite. Saímos já no sábado e a premissa dizia encontrar um povo mais jovem, mas com papo pra debater. E eu quase não sou chegado num debate, né? Fui cheio de estilo. Estilo largado. Uma bermuda colorida, camisa preta e boné vermelho compunham o visual.
Tratava-se mesmo de um povo notavelmente jovem regado a efeitos luminosos e muito swing. Uma banda tocou primeiro, depois um solista com pinta de standupista. Mas o que me surpreendeu um bocado foi o número de conhecidos que encontrei no lugar! Alguns eu não via há anos, outros semanas. Todos muito diferentes, mas com um único objetivo, apenas.
Depois de umas duas horas, reconheço uma garota do antigo prédio: "Ah, oi você". Tinha um bello sorriso e estranhamente familiar. "Minha irmã também está aqui. Lembra-se dela? Peraí que eu vou chamá-la", disse-me tão rapidamente, atropelando as palavras que mal tive tempo de processar direito. E mesmo com a irmã vindo em nossa direção, não podia me lembrar de quem se tratava. Até que ela me reconheceu e sorriu. Aqueele sorriso contagiante que, até então, somente por fotos se fizera lindo para mim.
(...) O desenrolar interno dos corações permanece, por hora, um segredo até mesmo para mim. Mas devo confessar; pessoalmente é muito melhor! Sinto pelos envergonhados - apesar de eu mesmo me considerar um excelente exemplar da espécie. Nada se compara à troca de olhares ao vivo. Que dirá o toque!
Sei que mais uma vez, lá está ela, a deusa do amor, Afrodite, a arruinar minhas esperanças. De uma forma ainda mais pronunciada, as amizades é que nos separam. Sou bem capaz de me submeter a toda a ladainha e tormenta novamente, só para estar junto à ela. Mas a quem estarei enganando? Gostaria de ouvir o que ela tem a dizer sobre isso. Só me falo, mas fica a esperança.
Certa vez, - imagino que alguns de vocês possam ser capazes ainda de recordar do caso, reclamado já algumas vezes, movido pelo amor insuperável, submeti-me a encontros semanais com os estranhos amigos da minha namorada da vez.
Era um povo todo mais velho, cheio de experiência! Ou não... Pode-se viver centenas de anos sob a sobra que nada adiantará! Que tipo de conhecimento e vontades levianos podem ser obtidos de uma vida como a que eles vivem? De qualquer forma, todos possuíam o grande anel dourado no dedo certo, o que era meio intimidador, devo confessar. Sendo o único casal prateado e também o mais novo. Mas não temei. O dinheiro justificar-me-á, e tudo será resolvido!
Estranhamente, durante todos esses poucos encontros que tive (e logo entenderão o porquê), os homens ficavam em uma sala, enquanto as mulheres conversavam em outra. Certo, isso pode parecer bom, à primeira vista, não é mesmo? Afinal de contas, o assunto estaria liberado, dessa forma (?) Nem tanto assim. O que os caras lá gostavam de falar era sobre como sentiam falta de seu pai (uns, de fato, já não deveriam estar mais caminhando entre os vivos), e como amavam e precisavam desse outro Um pai. Devo admitir que, por muito, fiquei sem falar, receoso de expor minha pobre e “inexperiente” opinião.
O que aconteceu então foi que não teve jeito de eu me dar bem com eles. E eu sabia o quão importante era para ela, mas simplesmente não fui capaz. O sacrifício se viu por demasiado doloroso. E mesmo sabendo que isso me levaria à ruína, deixei de fazê-lo (...) De qualquer forma, quem sabe isso tudo passe a fazer sentido para mim, hein?
E é esse sacrifício que voltou a me assombrar. Mas deixe-me identificar a personagem feminina em questão, nessa nova e maravilhosa história de amor:
Há alguns anos, vivia eu no último andar de um prédio próximo ao cemitério municipal. Um lugar muito tranquilo, diga-se de passagem. Devem imaginar que meus vizinhos eram razoavelmente quietos. (Claro que eu não falava com nenhum deles, mas eu adorava usar o elevador e conhecer minhas vizinhas. Todas cheirosas e muito bem vestidas. Infelizmente foi só quando eu me mudei pra outro lugar é que comecei a conhecer minhas ex-vizinhas.
Até agora não entendi direito como, mas elas conhecem o Cartau, e a partir daí, fez-se o elo para que elas me conhecessem. Uma a uma foram se apresentando, e eu adorando! Das quatro, três eu recordava com clareza tê-las visto no elevador. Apenas uma que não. E é lógico que seria esta pela qual eu me apaixonaria. Como sou fraco...
Mandávamos apenas cartas um para o outro durante poucas semanas, trocamos fotos e gostos. Ela parecia ser muito sorridente e tinha, de fato, um lindo sorriso. Expunha sempre com delicadeza e alegria sua arcada superior num branco im-pe-cá-vel. Os longos fios de cabelos castanho claros eram visivelmente hidratados de uma forma muito cuidadosa.
Comecei a mandar uns poemas e contos que tinha guardado dos tempos de colégio. Ela demonstrava interesse e pedia por mais. Na época ela nem me inspirava tanto assim, mas isso deveria mudar, tempos depois. Parecíamos compartilhar uma sintonia toda especial, inclusive com um modo carinhoso e só nosso de dizer "bom dia!". Todavia, quando insisti para que nos conhecêssemos pessoalmente, levei um fora. Ela é tão comportada que o cortejo deve preceder apenas o casamento. Perdi o encanto momentaneamente. Paramos de trocar cartas, por algum tempo. Mas o destino ainda nos reservava surpresas...
Alguns meses se passaram, mudei de apartamento algumas outras vezes, fiz novos amigos, mas sem nenhuma grande paixão, nem nada. E certa sexta, ao notar o meu desinteresse em tudo o que não fosse japonês, meu alfaiate me chama pra sair. "Conhecer novas pessoas", disse-me ele. "Sair desse casco sujo aí e mexer um pouco o esqueleto!" A proposta parecia mesmo confiável, e eu não tinha nada a perder. Topei o convite. Saímos já no sábado e a premissa dizia encontrar um povo mais jovem, mas com papo pra debater. E eu quase não sou chegado num debate, né? Fui cheio de estilo. Estilo largado. Uma bermuda colorida, camisa preta e boné vermelho compunham o visual.
Tratava-se mesmo de um povo notavelmente jovem regado a efeitos luminosos e muito swing. Uma banda tocou primeiro, depois um solista com pinta de standupista. Mas o que me surpreendeu um bocado foi o número de conhecidos que encontrei no lugar! Alguns eu não via há anos, outros semanas. Todos muito diferentes, mas com um único objetivo, apenas.
Depois de umas duas horas, reconheço uma garota do antigo prédio: "Ah, oi você". Tinha um bello sorriso e estranhamente familiar. "Minha irmã também está aqui. Lembra-se dela? Peraí que eu vou chamá-la", disse-me tão rapidamente, atropelando as palavras que mal tive tempo de processar direito. E mesmo com a irmã vindo em nossa direção, não podia me lembrar de quem se tratava. Até que ela me reconheceu e sorriu. Aqueele sorriso contagiante que, até então, somente por fotos se fizera lindo para mim.
(...) O desenrolar interno dos corações permanece, por hora, um segredo até mesmo para mim. Mas devo confessar; pessoalmente é muito melhor! Sinto pelos envergonhados - apesar de eu mesmo me considerar um excelente exemplar da espécie. Nada se compara à troca de olhares ao vivo. Que dirá o toque!
Sei que mais uma vez, lá está ela, a deusa do amor, Afrodite, a arruinar minhas esperanças. De uma forma ainda mais pronunciada, as amizades é que nos separam. Sou bem capaz de me submeter a toda a ladainha e tormenta novamente, só para estar junto à ela. Mas a quem estarei enganando? Gostaria de ouvir o que ela tem a dizer sobre isso. Só me falo, mas fica a esperança.
Um comentário:
a busca do complicado é um desafio que quando alcançado perde a graça. há quem seja movido por isso, vezes e vezes...
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