Mangue

 Finalmente sol.

Achei um pico no mangue pra escrever, fiquei bem feliz. Gosto do cheiro daqui... "É cheiro da nossa casa", me disseram por último. Acho que posso me acostumar com isso. Além do cheiro peculiar, esse cantinho tem uma brisa gostosa, o pedalar me deixou suando, então aprecio muito esse frescor. Posso ver e ouvir muitos pássaros daqui. É uma pena que não consiga mostrá-los a vocês.

Vejo também com os pés submersos uma daquelas garcinhas brancas. Certamente catando alimento com seu longo bico preto. Caranguejinhos, será? Haha. 

Uma grande nuvem branca bloqueia por alguns segundos o sol, fica até mais fácil de ver as letras na tela escura do celular. Tenho saudades é de escrever no caderno, isso sim era divertido. Mas tá, pare de divagar. O que é que eu queria falar mesmo? Ah sim. Inversão de valores, insensibilidade desenfreada, despreendimento da realidade, algo por aí. Trata-se de identificar os pensamentos disfuncionais que me ocorrem ou recorrem. Pois bem, eu sinto que me tenho como maior empecilho às vezes devido ao fato de não conseguir me motivar o bastante, ou por criar obstáculos demais na minha frente. O problema é que existem momentos em que eu percebo uma tarefa ou atividade deveras simples e para que haja algum desenvolvimento, para que exista um desafio a ser executado eu, por espontânea vontade, crie uma nova, digamos assim, "regra" a ser aplicada. Tudo isso apenas com o intuito de não deixar a atividade tão fácil, para que eu preencha melhor o tempo e então, me desenvolva mais. Sabe quando você termina os exercícios de matemática propostos e então você parte para os complementares ou então vai ajudar os outros que ainda estão com dificuldade? Pois então

Tudo leva a crer que fui me moldando no período de adolescência a me portar e a sentir e a deixar de sentir e a relativizar e a considerar as coisas de uma forma não convencional. De uma forma que eu viria a descobrir depois, tinha mais a ver com marra e aparências, do que com caráter propriamente dito. Deu tudo certo quanto ao ser humano (embora às vezes a Bruna tenha suas dúvidas quanto a essa premissa ser verdadeira), mas o que me complica realmente hoje em dia é o simples, o natural. Viver em sociedade, pertencer s um grupo, me reconhecer como parte de algo sem esse deslocamento. A reconhecer em mim as conquistas que "não foi nada demais" ou então "não me garantiram benefício algum", que os outros tendem a me jogar tanto na cara. 

Ouço por exemplo "nossa, ah eu com esses gominhos". Eu aceito trocar pelos seu sentimentos, topa? Por sua empatia, que tal?

Eu já não sei mais o que sinto e o que me ensinei a sentir. Ouço também sobre o potencial desperdiçado. "Puxa, mas você é tão inteligente, porque se submete a esse tipo de coisa/emprego/relacionamento?"

Bom talvez eu não seja tão inteligente assim, não é mesmo? Talvez eu já tenha sido atingido pelo famigerado 'comodismo' o mal do século. Ou talvez seja apenas resultado do meu transtorno mental por uso de substância. Eu faz tempo que sei que sou dependente químico, mas agora eu pelo menos já sei que isso é uma doença, e que a batalha é diária, desafiadora e de fácil desistência. O sol tá tão gostoso. Não quero sair daqui. Minhas pernas já doem, haha tô ficando velho. Vou só levantar um pouco. Assim está melhor.

Tirei a camisa pelo sol mas quando as nuvens voltam faz frio.....

Acabou que nem escrevi o que queria, não expliquei nada e as dúvidas continuam. Deixa pra lá

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