o momento que achei que vivi

A barriga me avisava a merda que estava preste a fazer. Fui ingênua em ignorar. Não sei como e o porquê de nós termos tido aquele caso em Kursk. Como já te falei, não é meu ideal de homem e não sou umas das mulheres comuns, que exaltam teu corpo escultural. Não sou uma *** ou uma das tuas musas.Sou aquela que por teu sorriso e risada é apaixonada. Sou a leviana que não faz questão nenhuma de definir as coisas que sente ou botar arreios em alguém. Teus pensamentos são parecidos com os meus e juntos damos risadas incríveis. Somos bons amigos, diria até que do melhor tipo. Voltando ao evento; Eu estava no banheiro quando me chamou, terminando de me arrumar. No caminho a barriga avisou de novo. Abri a porta, sentei. Alívio. É só você, o velho e conhecido Dmitri. Mesmo cheiro, mesmo carro, mesmo tipo de música, mas o rosto estava mais bonito. Usei da indecisão, das ideias a mil e das milhares de asneiras ditas para tentar disfarçar a força que fazia para não fitar diretamente nos olhos. Evitando ceder, fracassei. A sinceridade foi mensurada para não escapar um "Que saudade da tua voz" e parecer fraca ou romântica. O jeito que apertou a minha bochecha e comentou a temperatura, aqueceu o resto, certificou seu poder sobre mim. E por pouco cheguei a pensar que seria apenas um passeio tranquilo... Afinal, flerte e sensualidade sempre estiveram presentes, certo? A cerveja era boa, intensa e combinava com a corrente de ar que levantava cada pelinho do pescoço. As brincadeirinhas assanhadas conquistavam um pedaço do meu corpo que gritava para sair daquela roupa toda. Tênis, meia, cinto e calcinha, imaginava todos amontoados no cantinho do banco do carro. E o sorvete só serviu para acalmar a boca que com duas décadas apresenta habilidades que não deveria ter, precisava de algo doce para sossegar. Tudo certinho e espontâneo para a chegar onde chegou. Na trilha sonora do carro, o silêncio da chuva no vidro. Seus olhos me deixando pelada, arrancando sorrisos e embaçando o vidro. Sua mão andava em mim, como se eu não conhecesse cada centímetro do seu corpo e a textura dos lábios tão gostosos de morder. Minha mente suja tecia barbaridades a cada movimento seu. A influência do modo como eu e você respirávamos ditava as regras. Uma conversa sobre qualquer coisa sobre nossas vidas meia-boca e nossos amores já cansados da mesmice. Solitários socializados. Sem definir amor, fidelidade ou qualquer outra palavra que pertença ao grupo. Gosto de intensidade e isso que nos une, essa filha da puta que faz com que o tempo corra em câmera lenta a ponto de não perceber as mais de quatro horas que ficamos juntos. Esqueci o mundo em volta para pensar no movimento da sua boca (e como ela combina com a minha). Não nego que a fugida deixou saudade e sempre deixará. Ah se eu pudesse me encontrar com você, regularmente, como nos velhos tempos... Filmes, sexo e um papo sobre tudo que exerce este peso evidente nas nossas costas. Sem cobranças, sem vida junto, sem nada. Nos segundos em que fiquei sozinha, acordei, o pensamento era alto e claro: isto é ilusão, não tem amanhã. Sou um ou dois *** teus, fração de segundo na sua vida. Façamos hoje o que deve ser feito! Agradeço de corpo e coração a partida, nós somos bons jogadores (um pouco calejados, mas muito eficientes). Não tenho intenção de continuar a te procurar, nem te amar, mas quero você em mim. Quero e sempre quis. Eu e você combinamos pois somos iguais. Não somos nada, não existimos. Tipo se masturbar na escada do prédio ou no trabalho, só se vive o momento. É sozinho, é escondido, momentâneo, corre risco de ser pego, mas vicia.

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