por que eu sou infeliz?

Por que eu sou infeliz? Uma pessoa como eu não deveria sentir-se dessa forma. Tenho uma mãe que me ama e que faz de tudo para me ver feliz. Adia trabalhos para poder prestigiar minhas competições, às vezes até em outros estados. Não perde a cordialidade e a graça nem mesmo quando sou grosso com ela. Considero-me, relativamente falando, um bom atleta. Esforço-me em meus treinamentos e por isso, sou recompensado com premiações, fotos legais e eventualmente, congratulações de outros atletas e técnicos. Conheci cidades e pessoas novas por causa do atletismo. E isso já faz sete anos! Deveria significar alguma coisa.

Tenho o poder da comunicação a meu favor. Sei como usá-lo. Não faço distinções quanto às minhas amizades e estou sempre pronto para ajudar quem se vê em apuros. Compartilho gostos variados, podendo assim, efetivamente, ser querido nas mais diferentes ‘tribos’. Como uma espécie de líder cooperativo, pessoas me ouvem e normalmente, aceitam o que eu digo sem muitas reclamações.
Estou comprando um carro, posso me deslocar em dias de chuva pela cidade com maior rapidez e sem me molhar. Posso inclusive levar outras pessoas junto ou então ‘coisas’. Se necessário, os dois. Possuo um computador com internet banda larga e pouco medo de fazer bobagens, portanto todo um outro mundo é compreendido para a minha existência virtual. A sede pelo conhecimento, somada ao acesso, torna-me uma pessoa, no mínimo, possível conhecedora do que quer que seja.

Problemas com garotas é coisa do passado. Uma vez que obtive o conhecimento de que garotas me acham atraente, seja devido as características afro-descendentes, o corpo de atleta ou até mesmo o modo de falar, tenho satisfeito minhas necessidades hormonais até que com certa facilidade. Por que então, sou infeliz?

Talvez a resposta seja mais simples do que eu quero que ela seja: quero eu ser feliz? Quem sabe com essa mania de ser diferente, ao considerar que o desejo de todos seja ser feliz, subconscientemente almejo a infelicidade eterna. Já expliquei diversas vezes que o melhor mesmo para escrever é em um estado de lástima. Cheguei ao (preocupante) estágio de fuçar triste por estar feliz demais. Estaria eu apenas querendo chamar atenção? Ninguém me lê, de qualquer forma. Os únicos que me lêem são os que já me dão atenção. E por isso os amo.

Mas se estou mesmo fadado à infelicidade por opção, porque me questiono sobre isso? Estarei eu fraquejando? Tentando mudar de idéia? Quero eu ser feliz? Por que tantas dúvidas?