Mangue

 Finalmente sol.

Achei um pico no mangue pra escrever, fiquei bem feliz. Gosto do cheiro daqui... "É cheiro da nossa casa", me disseram por último. Acho que posso me acostumar com isso. Além do cheiro peculiar, esse cantinho tem uma brisa gostosa, o pedalar me deixou suando, então aprecio muito esse frescor. Posso ver e ouvir muitos pássaros daqui. É uma pena que não consiga mostrá-los a vocês.

Vejo também com os pés submersos uma daquelas garcinhas brancas. Certamente catando alimento com seu longo bico preto. Caranguejinhos, será? Haha. 

Uma grande nuvem branca bloqueia por alguns segundos o sol, fica até mais fácil de ver as letras na tela escura do celular. Tenho saudades é de escrever no caderno, isso sim era divertido. Mas tá, pare de divagar. O que é que eu queria falar mesmo? Ah sim. Inversão de valores, insensibilidade desenfreada, despreendimento da realidade, algo por aí. Trata-se de identificar os pensamentos disfuncionais que me ocorrem ou recorrem. Pois bem, eu sinto que me tenho como maior empecilho às vezes devido ao fato de não conseguir me motivar o bastante, ou por criar obstáculos demais na minha frente. O problema é que existem momentos em que eu percebo uma tarefa ou atividade deveras simples e para que haja algum desenvolvimento, para que exista um desafio a ser executado eu, por espontânea vontade, crie uma nova, digamos assim, "regra" a ser aplicada. Tudo isso apenas com o intuito de não deixar a atividade tão fácil, para que eu preencha melhor o tempo e então, me desenvolva mais. Sabe quando você termina os exercícios de matemática propostos e então você parte para os complementares ou então vai ajudar os outros que ainda estão com dificuldade? Pois então

Tudo leva a crer que fui me moldando no período de adolescência a me portar e a sentir e a deixar de sentir e a relativizar e a considerar as coisas de uma forma não convencional. De uma forma que eu viria a descobrir depois, tinha mais a ver com marra e aparências, do que com caráter propriamente dito. Deu tudo certo quanto ao ser humano (embora às vezes a Bruna tenha suas dúvidas quanto a essa premissa ser verdadeira), mas o que me complica realmente hoje em dia é o simples, o natural. Viver em sociedade, pertencer s um grupo, me reconhecer como parte de algo sem esse deslocamento. A reconhecer em mim as conquistas que "não foi nada demais" ou então "não me garantiram benefício algum", que os outros tendem a me jogar tanto na cara. 

Ouço por exemplo "nossa, ah eu com esses gominhos". Eu aceito trocar pelos seu sentimentos, topa? Por sua empatia, que tal?

Eu já não sei mais o que sinto e o que me ensinei a sentir. Ouço também sobre o potencial desperdiçado. "Puxa, mas você é tão inteligente, porque se submete a esse tipo de coisa/emprego/relacionamento?"

Bom talvez eu não seja tão inteligente assim, não é mesmo? Talvez eu já tenha sido atingido pelo famigerado 'comodismo' o mal do século. Ou talvez seja apenas resultado do meu transtorno mental por uso de substância. Eu faz tempo que sei que sou dependente químico, mas agora eu pelo menos já sei que isso é uma doença, e que a batalha é diária, desafiadora e de fácil desistência. O sol tá tão gostoso. Não quero sair daqui. Minhas pernas já doem, haha tô ficando velho. Vou só levantar um pouco. Assim está melhor.

Tirei a camisa pelo sol mas quando as nuvens voltam faz frio.....

Acabou que nem escrevi o que queria, não expliquei nada e as dúvidas continuam. Deixa pra lá

seus olhos no retrato

 Nem único dia passa sem que eu pense em você. No bem que você me faz, no mal que você me faz... Aliás, acho que nem penso nisso não. Só em saciar essa vontade, esse vazio, essa falta, esse buraco. Acabar com a fissura, num momento de êxtase. Claro que primeiro passo pelo desconforto abdominal, mas uma vez que o setup esteja preparado. Que maravilha. E agora? Preciso fazer alguma coisa. Preciso organizar a casa, limpar o chão, fazer listas, relocar os móveis, fazer mudanças, estender a roupa lavar a louça. Vamos assistir isso? Não consigo, deixa eu levantar. Nossa tá quente aqui, vou ligar o ar. Ficou frio e eu estou todo molhado de suor, preciso desligar esse ar. Por quê ainda estou de meia? Tá, que horas são? Beleza, deixa eu ligar o microondas. Será que ainda dá tempo? Bom se eu fizer a metade agora tenho ainda quatro horas de cool down e 4 horas pra dormir. Vai dar. Que delícia. Porra mas ficou quente. Já acabou esse papel higiênico? Será que o volume tá muito alto? Que horas são? Mano tá muito cedo ainda, que bom. Preciso mijar. vou parar de beber água pra não precisar ter que levantar depois. Mano eu preciso trocar esse lençol. Ufa, ainda bem que eu parei. Cara eu nem tô assistindo isso, deixa eu trocar. Será que meu celular tá seguro? Caralho e esses passos na brita? Er, relaxa. Não tem nada demais ali. Acho que estão hackeando meu celular... Vou formatar ele. Putz mas preciso primeiro fazer backup do WhatsApp, mas não posso ficar online agora. Ta depois eu vejo isso. Que saco pq eu tô nessa merda. Quero ver aquela série e não consigo. Vou colocar esse desenho aqui mesmo. Volume tá muito alto, não consigo ouvir se tem alguém vindo. Será que eu tranquei a porta? Vou beber mais água que tô suando demais. Os vizinhos com certeza estão me ouvindo. Ah se foda né, pago minhas contas sou limpinho.. 

Vou deitar. Vou meditar pra volta às calma. Não consigo deixar minhas pálpebras paradas, que ódio. Deixa eu voltar que não ouvi direito essa última parte, pera. Tô tentando respirar devagar, mas o ar sai galopante, na estrada de paralelepípedos. Eu deveria comer alguma coisa, haha não consigo comer absolutamente nada. Preciso é ficar quieto. Que horas são? Porra já tá passando, preciso dar mais um. Será que dá tempo? Se foda depois eu dou um jeito, cadê o prato?

Ainda sobra mais uma pra depois de noite. Ufa, bem melhor agora. Vamos deitar. Onde eu estava mesmo, ah sim. Quer saber? Sobrou muito pouco, deixa eu terminar logo essa bosta. 

Graças a Deus, ah, vamos curtir um pouco..

Finalmente, agora é só esperar essa merda acabar. Torcer pra que eu fique bem, torcer pra que eu não compre mais. Torcer pra não dar mais vontade. Chega, cumpra o combinado. Fechou, já era, isso, toma mais um banho. Faz o que tu tem que fazer, antes de fazer o que você sabe que não consegue fazer.

Opa, você acordou

TM 27

Sozinho em disparate. Ninguém pra conversar, nada pra fazer além do serviço mecânico automatizado realizável por qualquer macaco treinado. O proveitoso seria ocupar a mente com alguma outra coisa. Elaborar um plano, organizar ideias, criar listas e, enfim, produzir, mesmo que mentalmente. Mas não dá. O ócio criativo paira sobre qualquer outra mente, menos a minha. 

O tilintar me remete apenas uma ideia, uma ideia central. Junto com ela a vontade de não pensar nisso, de desconsiderar, deixar a vontade passar, assim como num exercício de meditação, sabe? Quando pensamentos alheios à nossa vontade nos vêm à cabeça, é natural, devemos aceitar, mas assim como vieram, permitir que se vão.

Concentrar-se na respiração costuma ser o mais fácil pra mim, ou então no barulho ensurdecedor do silêncio. Vocês sabem...

Então o rolê é praticamente inteiro de degladiaçao de pensamentos prós e contras. É absurda a discrepância de will entre eles. O contra é tão óbvio, tão escrachado que eu até me sinto idiota de ter considerá-lo, pra começo de conversa. Esse movimento a favor de fazer merda surge tão de supetão, tão do nada e com que facilidade me põe a ignorar todo o resto...

É engraçado como mexe até mesmo com instintos mais básicos, me fazendo deixar de lado o sentimento de auto-preservação. Me permito afundar ainda mais, em pensamentos escuros, em dívidas monetárias, em enrascadas posteriores, sejam causadas pela falta de apetite, pelo sono atrasado ou até mesmo por inconvenientes de convívio social. Tudo isso sabendo de antemão o que vai acontecer. Tudo isso tendo a plena ciência da merda que estou prestes fazer, não me impedindo, no entanto, de fazê-lo. A realidade é uma bosta mesmo.

O que me resta? Se não contar os dias

Contando os dias para que acabe de uma vez. Seja a vontade, ou então a vida...

Whichever comes first, for better or worse

I'll embrace it ❤️

segundo banheiro

Me sinto dentro de uma partida de fast chess. E de repente estou de volta em 2006. Não que eu jogasse xadrez nessa época, mas participava de muitas competições. Quem jogava xadrez era meu pai. Provavelmente não nessa modalidade. Inclusive salvo engano foi o próprio que me ensinou a jogar. Queria mesmo era que existisse o tal de Gungi (cuja campeã mundial é a Komugi) Aquele sim tinha emoção. E que final foi aquele. Sensacional. O anime muda completamente os ânimos naquela temporada. Falando em finaleira, estou podre. já são quase 4h da manhã e meu ombro direito chora. Desta vez figurativamente. Como posso estar tão cansado se hoje ainda é segunda? Creio que a falta de sono e os 20km de pedal diário tenham sua parcela do culpa.
Eu sei que quando chegar em casa não terei tempo de comer.
Sei que precisarei tomar um banho antes de desabar na cama ao lado teu
Sei que precisarei despertar tão logo comece a dormir, para abrir o portão pra ti, caso eu decida ficar com o controle mais uma vez
Sei que na melhor hora do sono então precisarei acordar para mais uma vez pedalar os 10km para chegar no local do freela... Mas aí então, é mão na massa e bora trampar 🔥

primeiro banheiro

Será que é tempo o suficiente? Sou capaz realmente de dar conta? O tempo é tão relativo. Lembro de ter ficado impressionadíssimo com s descrição sobre ele no filme LUCY, e encantado por demasia em EFEITO BORBOLETA (não por acaso que comecei a escrever em um outro blog - justamente em forma de diário, por conta deste). Mas voltando ao que nos interessa. Será que dou conta de fazer tudo o que preciso nesses dez minutos?
Tudo o que meu corpo exige, digo, aquela famosa esticada das pernas, caminhar um pouco e chacoalhar os braços para soltar a musculatura. Falando em soltar a musculatura não posso deixar de pensar em liberar os líquidos que meu corpo já não vai mais usar. Refiro-me a encontrar um local decente para poder urinar. Digo decente pq aceitável sei que é impossível. O odor repugnante dos mictórios daqui permanece 24/7. Que dirá as cabines com privadas. Simplesmente impossível. 
Será que dou conta de correr até a maquininha de café? Achar os 75 centavos necessários para o famigerado capuccino? Sempre é claro na esperança de que a máquina esteja funcionando perfeitamente e que não roube nem um copeque sequer! Haveria tempo de subir até o bloco 8 comprar chocolate na máquina? Haveria tempo de procurar o para-raio, subtituí-lo e pedir para que me traga alguns doces?
 Certamente para subir até o 28 e marcar o produto proibido haveria tempo. Faríamos tempo. Mas e quanto a olhar o celular? Verificar os grupos, as notificações, quiçá algum e-mail engraçado ou página de memes. Aguardo sempre a meia noite para chegar às memórias do Facebook. Mas por ora, meus 10 minutos já se passaram. E tudo que consegui fazer foi escrever isso 🙏🏾🤣

conversa

O dever da entrega. O comprometimento. Tudo bem você fazer.
Aliás, prefiro que você não o faça, mas de for fazer, por que não me falar? Por que não me consultar? 
Você acha que eu não vou entender (SIM)
Você acha que eu não vou ouvir de cabeça aberta (SIM)
Pois engana-se e esquece dos fundamentos de nossa relação. Esquece de tudo que já relevei, de tudo que já aprendi desde o dia que nós conhecemos. E reconhecemos. 
Até quando será assim? Porque desde jeito eu não quero. Desse jeito eu não mereço e desse jeito você não vai além; com quem quer que seja. Lembra-te do teu escritir favorito quando ele diz "acima de tudo, não minta para si mesmo" 
A não ser que você não esteja mentindo pra si mesmo, mas sim para mim. É isso? (NÃO). Porque quantas vezes já me falou, combinou, acordamos e agora me vem com essa (NÃO - não é isso

Você não sabe o quanto me dói isso o quanto eu quero te dar o mundo. O quanto eu brigo comigo mesmo, quando sinto o que não queria sentir. Dialogando com a loucura e a sensatez, trabalhando possibilidades e fugas. É o medo? É o ócio? Eu sei o que  - a vergonha. A vergonha da má administração monetária, a vergonha de dever dinheiro, de não saber por onde ajudar. A vontade de tirar de mim esse sentimento de parasita. Só eu sei quanto dinheiro gastei com bobagem. Só eu sei meu saldo devedor com o mundo. Com minha filha, com minha vida, comigo mesmo. 
Não me permito, não consigo me perdoar. 
Não consigo te fazer entender, não consigo me fazer entender.
Não aguento esse silêncio ensurdecedor ecoando em minha mente.

Não basta você me dizer que não há necessidade, não basta você me explicar por A+B que tá tudo ok, que tá tudo certo, que tudo vai ficar bem. Eu não aceitar isso em mim, se eu não aplico isso. Eu não consigo
Eu Ainda não consigo. Mas por você, vai acontecer. Não há outra opção, não há outra saída - porquanto houver amor, leveza.... Enquanto te fizer feliz. Pelo tempo que ainda me permitir, se permitir, fizer sentido e for de seu agrado.

Eu sinto muito

Pra sempre seu

Horizonte Expandido

A Leveza que Você me Traz


A Leveza que você me traz, a falta que você me faz.
Eu sei mais ou menos onde estou. Muita coisa ainda se embaralha e contradiz em minha mente, mas nunca quando o assunto é você.
Há um sentimento de certeza dentro de mim, da gente, sabe... Um desejo latente de entrega, de fazer tudo pelo outro! De facilitar, acalmar, TRAZER LEVEZA. 
Sempre me sinto muito à vontade, tranquilo e sereno quando estou contigo. Sentimento de paz que aquece a alma. Veja só, divago novamente. Continuemos, pois;
Ainda levemente acanhado, sigo os desafios propostos e em direção às metas estabelecidas. Talvez não no potencial máximo - aliás, empregar o "talvez" já caracteriza charlatanismo, haha
Sei muito bem que poderia ir mais depressa, mas creio que se should take our own time for this. There's no need to rush thing over. Quem vai com muita sede ao pote pode se desencantar e por favor, não pense que aqui esteja referindo-me à você, à nós. Refiro-me aos planos próprios, as coisas cujo único responsável sou eu.
Mas aí é que está o pulo da cobra. Aí que mora o perigo, não? 
Como confiar, já tendo decepcionado tantas vezes? 
Como acreditar, já tendo fracassado tantas vezes? É tempo de mudança. E essa mudança tem nome e endereço 😋
Você não se importa, não é mesmo? Não consigo imaginar de outra forma. Me dôo para os outros, para você. Me alimento dos seus sonhos, de seus desejos... Pelo menos por enquanto. 
Tenho os seus, como nossos. Falo primeiramente porque concordo, segundo porque você gostaria. Não precisa fazer sentido pra mim, apesar de que eventualmente acaba fazendo - são tantas possibilidades.
O que é a vida se não feira de escolhas?
E eu escolho você hoje e amanhã, assim como te escolhi ontem e no dia anterior.
03/08

Te amo, vida minha 💞

sonhadelo

Estávamos dirigindo, eu era o motorista. Indo meio rápido na Autobahn, quando no alto do morro, começamos a descer com uma vista deslumbrante demais. Céu rosado, incrivelmente colorido, incrivelmente extenso. O carro pende prum lado, depois pro outro. Não sei se tô sem as mãos ao volante ou o que. Daí eu falo, amor tira uma foto. Não sei se vc tenta pegar ou eu tento pegar, sei que a Autobahn de torna um super viaduto, com mar do lado. O carro pende pra direita e quando eu tento imbicar pra esquerda já é tarde demais. Você ainda grita "cuida amor", quando o carro escapa e cai no infinito. Nessa eu percebo que é um sonho, estamos caindo e você começa a ficar preparada. Mais uma vez eu tento te acalmar "já vai passar, se caímos é pq é só um sonho". Mas o despertar não vinha. Você olha pra trás para olhar as meninas. Quando finalmente caímos na água tudo fica preto. "Já não deveríamos ter acordado? Não é um sonho?" Você me pergunta e eu não tenho resposta. Já deveríamos ter acordado. O que será que eu fiz? Mas está tudo um breu. Se fosse de verdade estaria diferente. Mas por que não acordo? "Amor, o que a gente faz, eu não enxergo nada?!" Eu não tenho resposta muito menos reação. "O que foi que eu fiz" é o único pensamento recorrente em minha cabeça. Quando a gente sabe que está sonhando existe uma técnica de pressão na cabeça pra forçar o despertar, fiz umas 4 vezes sem retorno, seus gritos continuavam e o breu não passava. Do banco de trás, nada se ouvia. "Por que não estou acordando?" Comecei a pensar que era verdade. "O que foi que eu fiz, o que foi que eu fiz!?"
Ecoava na minha cabeça enquanto eu pensava emerw, tem sim como sair dessa, mas nada se enxergava, não havia o que fazer a não ser esperar a xxx. As xxxx estão quietas, já terão ido? Você ainda está do meu lado, perguntando "o que a gente faz, amor?" Eu não consigo nem pedir desculpas, e quando estou convencido de que não era um sonho, que realmente havia afundado a todos nós, eu finalmente acordo.. estamos todos bem, estamos todos em casa, e realmente era só um sonho.
Chega de dormir por hoje. 02:36 23 de maio

Busy

 Hoje você precisou de mim e eu não pude ajudar. Tentou chamar a minha atenção mas eu estava como que em outro plano. Entretido em afazeres diversos não pude me concentrar o suficiente para ser verdadeiramente útil. Pensei que com assuntos sortidos sem valor real pudessem distrair-te e levar pra longe a angústia que te consumia. Deveria ter levado mais a sério. Agora quem desespera sou eu. Como consertar isso? Onde está a empatia prometida? 

komm mit mir

Que horror você ficar falando assim, já lhe disse isso.

-Se eu não pensar assim, se não fingir que não me importo, eu morro. É assim que me sinto quando encontro a realidade. A realidade sem você, essa verdade que insisto em manter afastada. Quando muito, desejo somente o mesmo que você, nesse caso... o "morrer logo". 
Se eu não te tratar assim, se eu não fingir que estou por cima, que estou legal, entro em colapso. Me machuco, me fecho, recorro a meios inoportunos. Fico cego e sofro ainda mais, você sabe disso. Toda vez em que eu paro pra pensar, para relembrar, me aperta o coração, primeiro parece que ele vai parar, dá um socão e demora a reagir. De supetão a respiração volta, num inspirar desesperador a oxigenação no cérebro logo me faz sentir. Sabe aquele perigo iminente, como quando você se descobre observado de muito perto por alguém desconhecido e nossa única reação é congelar toda a coluna vertebral imaginando "será um assalto?" O arrepio nos alerta da cagada que estamos fazendo, e a raiva a frustração me consome. Como não pude perceber? Por quê deixei chegar neste ponto? Será mesmo culpa minha? E quanto mais eu penso nisso mais eu tenho a certeza de que o deixar estar é o melhor. 
Não pode nem deve fazer mal nem ao menos uma vez. Sabemos disso. A confiança rompida é uma fissura irrecuperável. O coração só se quebra uma vez, depois disso são apenas arranhões. E não é que eu cansei de tentar. Essa fagulha que insisto em manter atrelada a ti é apenas resquício emocional de minhas vidas passadas. Chego a cansar-me com tamanha repetição. Acho que inclusive é por isso que desenvolvo meus hiatos. Enquanto nada de novo me acontece, permaneço estagnado à espera da maçã envenenada... não péra.

t.

A repetição pede a mesma música, aquela que com tanto zelo me descreve e me escracha. Que me consome e que se não cuido, me engole. Você não sabe ainda, mas logo saberá. Caminhemos a passos não mais trôpegos, agora firmes, sensatos e direcionados. Obrigado pela confiança.


np. habbits sabotage

repetição dois

O Tempo me foge, não consigo alcançá-lo. Vivo correndo atrás do impossível quando a corrida é viver. Minha ansiedade mantém a frustração em dia. Quebrar essa barreira da zona de conforto é o que me mata. Zona de conforto? Onde está o conforto em me sentir desesperado, inútil, ocioso sem a vontade de fazer diferente? Mas espera aí, a vontade existe; portanto a revolta. O que falta é a ação. Quebrar a inércia, sair do parado. Mover-me e agir, chase your fucking dreams, bro. Quit bitching around and star living! Seja a diferença que você quer ver.

Pretérito mais-que-perfeito

Hoje sonhei com você. Com aqueles nossos trejeitos e afagos, tudo era romance. Era notoriamente um sonho pois a realidade temporal passava longe. Nos amávamos. E reproduzíamos isso deitados na cama. Do jeitinho que você gosta eu entrelaçava meus dedos em seu cabelo - sem mexer muito, pra não embaralhar, com firmeza sentia dentro de você e gentilmente meus lábios a tocavam levando à loucura. Eu sei, é assim que você gosta, mas lá vou eu falando sobre sexo novamente. Sempre foi só isso, não é mesmo? De nada adiantou Preparar refeições surpresa. Isso não era um mimo. Era o mí-nimo. Mesmo se exagerasse no sal, se estivesse apaixonado, era um obrigado seguido de elogio, que ao fim não bastavam para te conquistar. De nada adiantou cuidar bem da casa e fazer de seu cantinho um lugar alegre e aconchegante. Era só quando eu estava por perto, não é mesmo? Longe eu sou um traste. Longe, depois de ser mandado embora, depois de mais uma vez ser provado que "você sabe ser pior", carregando nas costas a certeza de ser inferior, de estar errado, eu precisava me manter firme. Precisava aguentar. Por um futuro. Pelo nosso futuro juntos, eu precisava ter aguentado. Precisava ter deixado o orgulho ferido de lado, ter entendido as limitações de cada um e agido de acordo, respeitado o tempo. Mas a gente nem ao menos se respeita, não é? A gente nem se gosta. Ficamos por comodismo, por se sentir acolhidos até acostumar e depois achar que não há mais nada. Pelo contrário, foi a busca de todo o resto que você foi. Que eu me fui, perdido. Não dá pra te esquecer, e isso também eu nem quero. Quero só me lembrar das coisas boas, do laço que nos une, mas então isso já volta pro sexo. Mas eu sou humano, pombas! Como não pensar? Como não te desejar? Como não babar pelo teu corpo e seus atributos? De nada adianta querer esse tipo único de relação. Sua intensidade permite mais; exige mais. Eu também não quero só isso. Não quero nada que não seja sério. Te quero por inteira, e não só uma porção, a parte que me permite. Eu não quero ser só seu amigo. Eu não sei fazer isso, nunca fomos. Pulamos etapas e o fundamento está fraco. Não sei se há retorno quando tudo o que fizemos é machucar um ao outro, mostrar que não está abalado (muito embora nossas ações mostrem uma tentiva desesperada de chamar atenção - precisamos um do outro) é só através de você que terei salvação. Só você pode me ajudar a sair desse abismo que continuo cavando em direção a nada. Novamente divago. Não é por você, é por mim mesmo que devo fazer essas coisas. Nossa página já virou. Só que eu não quero desapegar, não quero sair dessa. Você sabe como eu sou. Gosto de me sentir pra baixo, que é exatamente o que você faz, me põe pra baixo. Não posso, não quero, não devo. Me faz de cachorrinho, deixa eu ser teu. Brinca com meus sentimentos, mente pra mim.
- you're gone and I gotta stay high all the time to keep you off my mind -

Prole

Papai! Estou muito feliz!
Em poucos meses serei a mais nova integrante da família. (ah, já sou kkk)
No início, precisarei muito de você e da mamãe, pois para mim tudo será novo e estranho. Por enquanto estarei aqui no cantinho da barriga da mamãe observando e sentindo tudo, mas não vejo a hora de estar aí com vocês. Vê-lo jogando Pokémon, hahah <3
Viu o presente que você está ganhando? Até que a mamãe tem bom gosto.. Afinal de contas, escolheu você como marido e como meu papai! (De vez em quando ela acerta!)
Papai, cuida bem das frescuras da mamãe, pois de agora em diante você já sabe, né?!
Mas tudo isso faz parte, logo estarei aí para te ajudar e tenho certeza que juntos domaremos essa fera.
Quero que você fique muito feliz com a minha chegada. Prometo a você, papai, faremos muitas coisas juntinhos! Quero aprender muito com o grande homem que você é! A Mamãe já tem me passado tudo o que temos pela frente.
Quando eu chorar, abrir um berrreiro daqueles, sei que você vai me acalmar, vou reconhecer a sua voz, você vai me aconchegar no seu colinho, todo orgulhoso, e eu vou me sentir segura! 
Eu te amo, meu herói!
Até mais, papai!
Beijinhos da sua princesinha.

(...)

Oliver, infelizmente chegou o dia que tenho que ir embora e te deixar. Por Deus, que dor é essa? Que tristeza ter que acreditar nessa realidade. Que vou ficar longe de você, não poder te contar mais nada. Que vou ter que descobrir as coisas sobre nossa filha sozinha. É triste saber que não vou mais te ter, que te perdi! Espero que agora, que estou te deixando livre, você seja feliz, que curta bastante sua vida e que não se arrependa de nada!
Te peço desculpas por tudo que te fiz, por fazer você sentir todo esse ódio. Por ser uma infeliz, sem vida. EU TE AMO, e não queria que fosse assim.
Mas acredito que tudo isso vai passar, e vou ser muito feliz. 
Obrigado pelo melhor presente que você me deu. A nossa filha. Sei que quando ela nascer e estiver em meus braços, esse sofrimento todo será recompensado! Sem dúvidas, ela vai nos alegrar muito!
Fique bem
Se Cuida.

(...)

Somos só você e eu, princesa. Viemos ao mundo para salvar-nos de tudo o que o universo jogar contra nós. Conta comigo, não se esqueça, estarei sempre ao seu lado. Mesmo distante, nos encontraremos em nossos sonhos. Tudo é possível na vida, não te esqueças tu de mim.

Lei do Retorno

Então eu saio. Triste e derrotado, com um pingo de raiva, mas que logo desaparece - são dois trabalhos. A viagem de volta pra casa é longa e me dá tempo para rever tudo o que fiz de errado, tudo o que eu poderia ter dito mas não o fiz. Me permite avaliar com certa segurança se eu estou insistindo no absurdo, se não seria melhor jogar o carro pra cima do caminhão e acabar com isso de uma vez... Eu já percorri esse trajeto antes. Inúmeras vezes inclusive com esse sentimento no corpo, esse peso na alma. Salvo engano, podemos até mesmo encontrar um vídeo não listado d'um outro momento como esse para uma experiência mais crua... Com quase vinte verstas percorridas, já me encontro naquele estado "numb" em que tudo e quase nada pouco importam, um desvio na estrada me faz descobrir algumas quadras novas para baixo, sem problemas. Voltando a rua principal, com o carro em certa velocidade, noto um senhor com o braço estendido, pedindo carona, igual faz-se na praia, quando é preciso voltar para a cidade. 
Curiosamente, o homem, que beirava os 40 anos, possuía a barba por fazer, com longas suiças e paletó desbotado estava justamente sob o ponto de ônibus urbano. Foi só mais pra frente que consegui frear, mas o homem percebeu que ele havia sido a causa e já veio correndo ao meu encontro. "Entra aí, cara", não tem como ser mais convidativo do que isso. "Oi, tudo bem? Muito obrigado, viu. Já faz mais de uma hora que estou ali e não passou ônibus algum" Ele logo se explica, como que querendo remover suspeitas, que no caso quem deveria ter era ele. Baixei o volume do tecno ensurdecedor momentos antes que ele pudesse alcançar a porta do carro, mas ainda assim era impossível não perceber o odor forte vindo das garrafas de cerveja por debaixo dos bancos. "Ah, não tem problema", digo-lhe, já tentando não criar cerimônias. "Você vai para o Nieva?" quis saber o homem, com certa preocupação em não me tirar do trajeto original. Não tive outra opção a não ser a sinceridade: "Olha, na verdade eu moro daqui a duas quadras, mas uma caminhada me fará melhor, até onde o senhor vai?". Não pretendo me estender aqui, mas a igreja referência que o homem indicou ficava a mais de três verstas sentido sul, que percorri sem problemas. A troca de informações foi pequena, ambos ligeiramente desconfiados um com o outro e por fim, ele me agradeceu de forma mundana, descendo em uma mecânica, a poucos metros da tal igreja.
Já que estava com o dia livre e a cabeça cheia, nesse retorno cruzava com um banco e resolvi sacar um pouco de dinheiro - se é que ainda me restava algo. O inverno havia chegado com tudo e eu sentia estar queimando dinheiro para me esquentar. Quando quase finalizado o processo no caixa eletrônico, um sujeito se aproxima pela direita. Como sempre em situações como essa, o sentido aranha já estava ligado no máximo, então procedo com calma e cautela. Palavras ligeiramente inteligíveis, tratava-se de um estrangeiro pedindo auxílio no envio de dinheiro para outra conta por meio de envelope. "Ora, mas não seja por isso. Será um prazer!'. Agora, como é que se faz isso, mesmo? Ah sim, os dados vão aqui, seu telefone pra contato, quantidade de dinheiro.. beleza, colocamos o dinheiro e agora podemos selar. Segure bem esse envelope, não o vá perder! Bom, a parte mais difícil foi no caixa, mesmo. Achar os botões e colocar os números todos, que diversão. Seria cômico não fosse tão constrangedor pr'um nativo não saber usar seu próprio sistema. Não é a toa que ele precisava de ajuda. Mas no final demos conta. Ele me agradeceu de forma comum, acenando com um tchau, enquanto seguia pra fora da agência. 

Não sei muito o que pensar sobre isso tudo, mas acho que o retorno viria ainda naquela noite, quando eu tinha uma viagem a fazer. Uma viagem que alguns achavam que eu não deveria fazer, enquanto eu me sentia na obrigação, por já ter combinado com meu destino final.

Então, Oliver! Ainda faltam duas horas para o meu translado. O que faremos nesse meio tempo?
Não esperei resposta, já sabíamos e portanto já estávamos a caminho do bar. Alguns shots, conversas aleatórias, cutepies todoaonde e o tempo passa. É preciso entrar no ônibus. E aqui que começa a parte interessante da nossa história. Pra lhes situar, o fato é que eu estava com a roupa do dia, com o suor da depressão e a roupa do ontem. A cara de bêbado, mas com o bafo controlado. Minha poltrona era a de frente para o banheiro, com apenas mais alguém do meu lado. Alguém que por sinal estava muito confortável deitado nas duas poltronas, com uma espécie de lenço fazendo uma cabaninha no nosso espaço, muito provavelmente para proteger de uma forte luz instalada na parede do banheiro. Fui me organizando com a mochila e separando um livro para ler (já antecipando que não dormiria) enquanto ela percebeu movimento e decidiu acordar. "Opa, deixa eu tirar isso aqui" gentilmente exclamou enquanto se levantava de forma vagarosa. O motorista que contava o número de passageiros na hora foi questionado: "É possível apagar essa luz aqui? Fica impossível dormir aqui, bate direto no meu rosto" Sua voz era cândida, com certa maturidade e firmeza. Podia notar sua face rosada e curtos cabelos louros. "Puxa, ainda bem que desligaram essa luz, tava complicado" ela novamente explicou. "Ah, mas que bom que agora está melhor. Você está vindo de longe?" tentei não parecer um bêbado imbecil incoerente, tenho certeza que falhei nessa missão, mas continuemos: parece-me que ela vinha de umas cidades atrás, mas que o objetivo final era o mesmo. Eu teria tempo para me recuperar. Para tirar a suadera sim, mas o cheiro não. Mantinha meus braços fechados para evitar a proliferação o máximo possível, haha Achei estranho que quando ela parava de falar, eu iniciava um assunto, ao cabo de que se eu ficasse quieto, ela iniciaria uma discussão qualquer. Parecia interessada, mas não queria ela dormir também? Precisava fazer algo, mas foi só na nossa segunda parada que desci para me refrescar. Leia-se lavar as axilas, usar enxaguante bucal e perfume. Agora vai.

Quando eu retornei ao nosso lugar, suas pernas estavam por cima do meu banco novamente. Levemente coloquei minha mão em sua perna e perguntei "gostaria de colocar suas pernas por cima de mim?" Acho que ela se assustou, recolheu as pernas rapidamente, talvez pelo sono. Sugeri que recolhêssemos o braço central das poltronas para que pudéssemos nos posicionar melhor. Ela não só acatou, como ao cruzar as pernas em cima da poltrona, pediu-me que estendesse minha perna esquerda por debaixo das suas, de modo que uma segurava outra e eu também poderia ficar mais confortável. Passamos algumas horas assim nos sentindo, quando ela novamente se virou, como de cócoras, virada para a janela. Pensei duas, três vezes, mas tomei coragem me aproximei e perguntei-lhe: "Posso te abraçar". Retornei ao meu lugar, ela imóvel. De repente, volta-se um pouco para mim e pergunta "O quê?", repito a pergunta. "Pode". Morri por dentro. Me posicionei de uma forma totalmente desconfortável, mas que me permitia abraçá-la de dedos entrelaçados junto ao seu peito. Quadril encaixado perfeitamente, uma delícia, mas como ela era menor, somente ela estava bem com relação as poltronas - eu não me importava. O rosto ficou nas costas, esquentando com a respiração sua escápula e por vezes nuca. Lembro de contar três horas nessa posição. Foi quando a luz começou a aparecer. A luz do dia, eu quero dizer. Com essa iluminação natural, era possível contemplar seu rosto ainda mais efetivamente. Carregava os 31 anos, mas não a vida de casada que mencionou. Demorou, mas subindo vagarosamente pelo pescocinho fino, consumamos um ardente beijo na última poltrona do ônibus rodoviário com pernas entrelaçadas sabendo que nunca tornaríamos a nos ver. "Só um beijo de bom dia, viu" - ela não precisava ter dito. Estava bem claro, mas doeu quando percebi que havia sido enganado ao chegar em casa; "Camila Silva, mas não se preocupe. é fácil de achar, caca underline silva." Conta inexistente. Eu caí feito um pato, mas com certeza foi uma viagem memorável. Principalmente por conta das partes que fiquei com preguiça de relatar aqui. Quem sabe um dia eu reveja esse post e preencha as lacunas. Por enquanto fica assim.

Sem título

A falta de perspectiva trava uma intensa batalha com o querer mudar e o fazer a diferença. Pois veja bem, hoje me deparo com diversas possibilidades, diversos compromissos mas não há uma segurança, por assim dizer. A estabilidade que tanto almejo parece cada vez mais improvável. Começar do zero é tão difícil! Acho que chegou a hora. Tomar as rédeas novamente. Estar seguro das ideias e pensamentos. Tudo poderia ser tão mais simples, se ao menos tivesse o suporte emocional necessário. Onde encontrar esse apoio? Traçar o caminho unidos e sempre cuidando um do outro. Não sei se já tive disso. tento me lembrar de todas as pessoas que já me relacionei e, ou eu estava aprendendo tudo novo, seguido o caminho da outra pessoa ou então eu estava correndo atrás. Difícil imaginar que possa haver outras formas, mas existe simm sim relacionamentos duradouros, então com certeza essa sincronicidade de almas existe e reside em algum lugar. Se posso encontrá-la? E se por acaso já desperdicei minha chance? Se na minha hora eu não estava preparado? Sei que podemos fazer acontecer, então esperançosamente aguardo para entrar nesse estágio. Tentamos consertar o presente, o atual contexto, mas também criando novas oportunidades. É preciso estar aberto e disposto.

Parte 1

Chovia, mas isso não era nenhuma novidade para Oliver. Era de conhecimento geral que sua cidade era classificada como a terceira capital em que mais chovia no mundo. Tinha consciência de que simplesmente era assim e não havia o porquê se irritar. Seria um desperdício de energia, algo que, no momento, Oliver não possuía o privilégio de desperdiçar levianamente. Estava a caminho de realizar um reste que decidiria seu futuro - pelo menos era o que seus pais alegavam.

A prova de Conhecimentos Gerais e Específicos Padrão de sua cidade e região, conhecida como CGP traria para todo aluno que completasse os 12 anos de Ensino Padrão uma classificação em forma de pontos, sendo distribuídos entre 20 perguntas de matemática, 20 de língua nativa, física, geografia, química, anatomia humana e outras 20 sobre a fauna e flora local. Dez perguntas sobre política local e mais dez de política global, além de duas redações distintas; a primeira em língua nativa e mais uma em idioma de sua escolha. A nota máxima de 380 pontos garantiria vaga em qualquer universidade do país. Os padrões estabelecidos pelas universidades também garantiam bolsa de estudos de porcentagem variada com a pontuação além do mínimo exigido. 

O bafão do zarco lotado com as janelas fechadas por conta da chuva pouco incomodava Oliver. Sua verdadeira preocupação estava em qual rumo tomar, uma vez que obtivesse seu resultado e o leque de possibilidades se abrisse. Eu gosto de computação - pensava com seu zíper, uma vez que o moletom não possuía botões. Mas será que o suficiente para estudar só isso? Todos pensam que eu deveria fazer Educação Física. Mas não. Eu entendo o preconceito e até abraço a causa um pouco, receio afirmar. Sei que posso mais - conclui, ignorando o xxxxx que o curso traz. Direito não tem nada a ver comigo, dizem que vai me limitar muito, mas a pesquisa e as leituras parecem tão interessantes! Não tenho certeza do que gosto mais. Nem ao menos sei se quero me graduar - antes mesmo que o empurra-empurra para descer do zarco começasse, sua mente já devaneava sobre outras coisas.

A rua lotada de carros trazendo os concorrentes afunilava para a entrada da universidade onde seria realizado o CGP deste ano. Na entrada para pedestres, sob grandes sombrinhas, pequenas jovens entregavam panfletos das universidades menos conhecidas ou então cursos novos. Era possível ver estampado em seus rostos o desânimo em encarar a chuva no sábado de manhã apenas para receber um curto dinheirinho para sair mais tarde. Claro que Oliver não julgou. Todo trabalho honesto é digno. Mas nada que veio parar eu suas mãos chamou-lhe a atenção. Foi quando alguém berrou: "Socorro!!"

Sugestão alta

Quando é que você irá se impor? Agir em prol de seu bem estar e valorizar tudo o que já conquistou? Porque embora você não tenha valorizado as suas vitórias, elas foram notadas, sim. Nada passou em branco. Seu medo de se expor como sentimental, esse falso perfil, essa máscara que você usa para se protege sabe-se lá de quem ou o quê, não trará bons frutos a longo prazo. Essa indiferença e antipatia is more likely de afastar quem só te quer bem. Aqueles que apostam em ti e acreditam no teu potencial. Será possível que você não veja? O mundo está à sua disposição. Arrisque mais, saia dessa zona de conforto que te negará a plenitude e aquele preenchimento duvidoso que tanto te aflige. Ouse mais. Se tiver dúvidas, pergunte. A humildade é uma dádiva recompensadora. Acredite mais. Tolere e permita-se.

Quando nossos pés se encontram

Eu quase nunca sou teu. Quase nunca me sinto como se fizesse parte da sua vida, de um modo "fofo" e clichê como tantos casais e amigos compartilham nas redes sociais. A distância segura para não se machucar me põe no meu lugar. Me mostra que ainda falta muito chão para o que eu almejo. É claro que já estive mais perto, mas a constante mudança existente nesses nossos mundos não poderia deixar de atingir a nossa realidade. A minha realidade. 

No entanto... existe um dado momento do nosso dia, um pequeno gesto que nos permite dormir tranquilos, nos permite sentir a segurança necessária para encarar o mundo dos sonhos e pesadelos inconscientes. É o momento que me dá forças, que boosta minha fé e me permite seguir em frente. É quando, por debaixo das cobertas, nossos pés se encontram. E lá ficam. Timidamente escorados um no outro. Ali, eu sou feliz.

ques anseio

Caminho sobre gelo fino. Todas minhas ações devem ser previamente medidas com muita cautela e ao menor desvio, pago com repúdio e falta de clemência. Nunca posso agir livremente ou então de forma espontânea. O medo de errar e despertar o seu ódio, prontamente disposto a lançar disparates, é constante e intimidador. Ando com um vulcão ativo à espreita sedento por sua próxima erupção. Não há nada que possa ser feito para alterar nosso destino, somente a morte nos trará a liberdade. ques anseio
Nada nunca será o suficiente, nunca nada será o bastante. É só mais um dia que eu vivo e por que não me acostumei ainda? 

A última manhã

A placa antes do radar nos avisava que o limite permitido era de 40km/h em nossa via. Observei que, acompanhando meu ponteiro e a proximidade do carro à frente que ambos seguíamos a aproximadamente 45km/h. Mas na hora de passarmos pelo sensor, a frenagem o levou a passar a 26km/h. Precisava diminuir tanto assim?
Era só o início de nosso trajeto diário. Diversos kilometros com muitas paradas, conversões e veículos dividindo a estrada. O silêncio de dentro do carro foi quebrado com um discurso que não era nada recente. "Acho que pra minha idade até que eu não estou tão acabada assim", lançou-me ela, como quem diz ao vento, como quem fosse uma frágil e simples dama, rejeitada por todos e uma falha na vida. Mas eu sei que tipo de atenção ela buscava. E também sei o quanto isso me era penoso por explicar - tendo em vista que não fora a primeira vez - e o quanto me irritava ao vê-la com tamanha baixa auto-estima. 
Comecei com um "Pelo amor de deus, Lavínia, pare com isso", talvez eu devesse ter me segurado. Talvez fosse melhor que eu apenas desse corda. "você sabe que você não tá acabada, que todo mundo que te olha acha teu cabelo lindo, que todo mundo repara no seu quadril desenvolto! Você sabe que você é uma pessoa linda e que esses padrões ridículos de beleza que não sei quem que enfia na tua cabeça são tão falhos quanto os próprios autores deles!". Não pude olhar para o lado para ver sua reação porque o trânsito estava delicado, tive que inclusive aumentar a voz devido ao alvoroço das gotas sobre a lataria do carro. A torrencial chuva se fazia agora mais presente, recrutando maior número de carros na rua e cautela de seus motoristas; mas o que eu percebia era que ela não pretendia me responder. Não pude verificar se seus olhos baixaram ou não. Decidi continuar e talvez ali devesse ter parado. 
"Eu não sei porque você ignora tudo o que eu falo, eu não me canso de dizer o quanto você é linda o quanto você é atraente, mas me irrita e talvez seja um problema meu, uma deficiência minha não estar preparado para lidar com alguém como você, que não consegue se ver dessa forma, que simplesmente não enxerga como todos os outros enxergam, pois se há alguém que diz o contrário, certamente é por inveja ou recalque! Eu compreendo a anorexia, mas não é por causa disso que eu saiba lidar com alguém com essa condição. E eu também não quero ser o cara que fica te dizendo que isso é bobagem e que você precisa conversar com alguém! Você não aceita isso, e só nos machucamos ainda mais! Não vou mandar você se tratar, eu já falei isso e não foi produtivo. Mas as minhas respostas padrões não servem mais. Se eu não respondo, você reclama. Se eu sou sincero, você não acredita. Se eu falo empolgado de mais, tentando entrar no seu clima, diz que sou forçado e que estou sendo falso. Não importa o que eu diga, vais achar algo para reclamar e brigar comigo. E talvez não seja culpa sua. Talvez seja seu modo de dizer 'me deixa'. Porque você não consegue dizer de outra forma..." 
Coincidentemente neste momento o pneu atinge um buraco. Fez bem, embora eu não pretendia que isso acontecesse, pois me calou. É impressionante como esses buracos sempre voltam. É essa a nossa Joinville de toda gente. Eles volta e meia tampam os buracos, mas creio que devido ao número grande de caminhões que passam por ali, não há como evitar. Ou quem sabe um asfalto de melhor qualidade? Não faz nem um mês que haviam reformado aquele trecho e novamente já beirava o abismo.
Pedi desculpas por estar falando daquele modo. "Eu não quero brigar, eu só não sei lidar mais com você, com essa situação. Com essa falta de crença sua para com minhas palavras, não consigo viver nessa ilusão de estar fazendo o certo e saber que nada adianta. Que tudo o que faço, faço por mim. 'Tudo o que vem volta', você me diz. Ora e eu não sei? Aguardo ansiosamente pelo retorno do que planto diariamente, mas você, o que pensa? Que as coisas ruins que fizeste para mim vão lhe retornar. Mas não é isso, minha criança! Pra quê ser tão negativa? Por que pensar sempre no pior? Sei muito bem que já deixei de ser um entusiasta há tempos e que possuo meu lado sombrio, mas sejamos mais coniventes com nossa realidade! Não estamos tão mal assim!" 
Quando ela finalmente falou, eu já nem sabia mais do que falava, me encontrava perdido no sentimento de frustração constante, nada daquilo era novidade. Me repito novamente. Tudo isso eu já passei, onde faz o disco destravar? Mudou de assunto de repente. Nada com nada. Até aí, nenhuma novidade. 
Decidi olhar para fora, tentar distrair, fugir daquilo, mas nem deu tempo de procurar algo, algo me encontrou. Um braço entrou pela janela puxando meu cinto, click e ele se soltou. Outro braço me puxou pelo cinto da calça, parecia que eu pesava nada, pois a facilidade que me puxaram pra fora do cara deu a impressão de que quem me puxava não fazia esforço nenhum. Devia ser alguém muito forte, mas quando eu saí do carro, caí como que num rio. Onde estavam os braços que me puxaram? Caí sem boia e ao me virar pra tentar me pendurar na porta, o carro já não estava mais lá, o rio agora corria me levando com a margem a pelo menos 15 metros para os dois lados. Que sonho doido seria esse? Decidi me deixar levar pela correnteza, já que boia não tinha mesmo, nem sequer vontade de nadar pra lugar algum. Mas um som me chamou atenção, em meio ao estrondo de água batendo, um canto parecia surgir mas sem aumentar muito de volume, por baixo das águas. Não podia parecer mais clichê, minha visão era de uma ostra ridículamente gigante que portava uma sereia cantando em italiano. Preciso parar de assistir desenho. 
A verdade é que estou em coma até hoje, fomos atingidos por um caminhão e só eu "sobrevivi". Nunca pude ouvir uma resposta dela, terminei nossa vida reclamando de uma dificuldade que ela tinha que eu simplesmente não era capaz, não era instruído o suficiente para saber lidar. Não era culpa dela. Eu deveria ter ajudado, deveria ter tido mais paciência. Era meu dever. Eu queria me entregar de corpo e alma e deveria ter agido melhor. Esse tempo eu nunca mais vou poder recuperar. Eu deveria saber tolerar mais... deveria... não 
ter
sido eu mesmo...

real

A ilusão de estar sendo admirado ou a certeza de que ninguém o faz? Encarar a realidade dói. Dói saber que muitas vezes estamos sozinhos em nossa labuta. Que não encontramos auxílio em quem pensávamos poder contar. Ao nos darmos ciência de solidão, seja física ou espiritual, o mundo parece desabar. A incerteza vem e me diz "pra quê tudo isso"? Qual a finalidade e para onde estamos indo? Se tudo não passou de uma ilusão, terá valido à pena? Afinal de contas, porquanto vivi, fui feliz, trabalhei com o que me foi dado e contribuí da forma mais sincera possível. Mas devo aceitar que fora tudo parte de um grande teatro? Que na embarcação estive sozinho acompanhado apenas de projeções em tela e fantoches? Faz diferença se era de verdade ou não? 
Se cada dia é um dia, se devemos viver um dia de cada vez, vide carpe diem, acho que está tudo certo. Aqueles bons se foram, agora a realidade é um saco. Ela perde credibilidade? Fiz porque precisava ser feito, porque julguei necessário e conivente. 
Ao fim ao cabo acho que só podemos contar com nossa própria consciência, mesmo. Cada um faz a sua realidade e existem múltiplas verdades também. Acho que minha esquizofrenia faz parte do mundo como um floco de neve, diferente de todos os outros, mas parte de um todo que não importa e não faz diferença.

para maria

Oi, minha princesa!
Escrevo-lhe essa epístola com o intuito de ocupar brevemente seu tempo. 
Para que me leia e saiba que é fonte inesgotável de inspiração.
O vento leva seus cachos e a cortina, que por vezes te assusta; 
"Ain medo! Vento." 
Seu rosto pintado de canetinha retrata nossas novas travessuras. 
O calçado do papai é grande, mas diverte com tropeços e sorrisos. 
"É papai, não é Maria que usa." 
A inocência e a candura exalam paixão, amor inestimável!
E nesse piso gelado eu me despeço - a caneta é requisitada por vossa senhoria. Os desenhos devem continuar... 

te amo demais, filhota
24/02/19
pai gui

o momento que achei que vivi

A barriga me avisava a merda que estava preste a fazer. Fui ingênua em ignorar. Não sei como e o porquê de nós termos tido aquele caso em Kursk. Como já te falei, não é meu ideal de homem e não sou umas das mulheres comuns, que exaltam teu corpo escultural. Não sou uma *** ou uma das tuas musas.Sou aquela que por teu sorriso e risada é apaixonada. Sou a leviana que não faz questão nenhuma de definir as coisas que sente ou botar arreios em alguém. Teus pensamentos são parecidos com os meus e juntos damos risadas incríveis. Somos bons amigos, diria até que do melhor tipo. Voltando ao evento; Eu estava no banheiro quando me chamou, terminando de me arrumar. No caminho a barriga avisou de novo. Abri a porta, sentei. Alívio. É só você, o velho e conhecido Dmitri. Mesmo cheiro, mesmo carro, mesmo tipo de música, mas o rosto estava mais bonito. Usei da indecisão, das ideias a mil e das milhares de asneiras ditas para tentar disfarçar a força que fazia para não fitar diretamente nos olhos. Evitando ceder, fracassei. A sinceridade foi mensurada para não escapar um "Que saudade da tua voz" e parecer fraca ou romântica. O jeito que apertou a minha bochecha e comentou a temperatura, aqueceu o resto, certificou seu poder sobre mim. E por pouco cheguei a pensar que seria apenas um passeio tranquilo... Afinal, flerte e sensualidade sempre estiveram presentes, certo? A cerveja era boa, intensa e combinava com a corrente de ar que levantava cada pelinho do pescoço. As brincadeirinhas assanhadas conquistavam um pedaço do meu corpo que gritava para sair daquela roupa toda. Tênis, meia, cinto e calcinha, imaginava todos amontoados no cantinho do banco do carro. E o sorvete só serviu para acalmar a boca que com duas décadas apresenta habilidades que não deveria ter, precisava de algo doce para sossegar. Tudo certinho e espontâneo para a chegar onde chegou. Na trilha sonora do carro, o silêncio da chuva no vidro. Seus olhos me deixando pelada, arrancando sorrisos e embaçando o vidro. Sua mão andava em mim, como se eu não conhecesse cada centímetro do seu corpo e a textura dos lábios tão gostosos de morder. Minha mente suja tecia barbaridades a cada movimento seu. A influência do modo como eu e você respirávamos ditava as regras. Uma conversa sobre qualquer coisa sobre nossas vidas meia-boca e nossos amores já cansados da mesmice. Solitários socializados. Sem definir amor, fidelidade ou qualquer outra palavra que pertença ao grupo. Gosto de intensidade e isso que nos une, essa filha da puta que faz com que o tempo corra em câmera lenta a ponto de não perceber as mais de quatro horas que ficamos juntos. Esqueci o mundo em volta para pensar no movimento da sua boca (e como ela combina com a minha). Não nego que a fugida deixou saudade e sempre deixará. Ah se eu pudesse me encontrar com você, regularmente, como nos velhos tempos... Filmes, sexo e um papo sobre tudo que exerce este peso evidente nas nossas costas. Sem cobranças, sem vida junto, sem nada. Nos segundos em que fiquei sozinha, acordei, o pensamento era alto e claro: isto é ilusão, não tem amanhã. Sou um ou dois *** teus, fração de segundo na sua vida. Façamos hoje o que deve ser feito! Agradeço de corpo e coração a partida, nós somos bons jogadores (um pouco calejados, mas muito eficientes). Não tenho intenção de continuar a te procurar, nem te amar, mas quero você em mim. Quero e sempre quis. Eu e você combinamos pois somos iguais. Não somos nada, não existimos. Tipo se masturbar na escada do prédio ou no trabalho, só se vive o momento. É sozinho, é escondido, momentâneo, corre risco de ser pego, mas vicia.

Horizonte Expandido

Lembro-me de sua indiferente atitude ao percorrer os corredores cheios de cabideiros com incontáveis vestimentas de todas cores, tamanhos e estilos. Um mais pomposo que o outro. Em apenas uma coisa todos combinavam: a etiqueta extravagante era demais para mim. Mesmo que eu apenas as lesse para você, assim como quem oferece ao acaso. Precisavas trocar algumas peças e me dispus a entretê-la em conjunto com sua aia. Seu meigo modo de apontar as peças destoava perante qualquer outra madame que eu já houvesse visto, o que me deixou ligeiramente transtornado. O modo como me senti tão à vontade me preocupou de início, mas assim me deixei levar. Sua colocação, ao final de tudo foi "por mais cavalier servants como você". Foi quando tornei a te ver, que realmente fiquei preocupado. Não pude deixar de te cumprimentar no café e não apenas ousei dizer "Bonjour", como vi escapulindo de meus lábios também as palavras "Tu m'as manqué". Como eu poderia sentir saudades de alguém que nem mesmo conhecia o nome? Mas o clique nela bateu, e me confessou mais tarde que aquela não era a primeira vez que nos encontrávamos no café. Na verdade, nossos caminhos já haviam se cruzado há muito. Quiçá mesmo em outras vidas. E foi assim que nos permitimos conhecer. Com a curiosidade falando mais alto, deixando o acaso de lado e trabalhando com o sentimento que vinha. De conforto, de serenidade, estar fazendo a coisa certa! Embora ela se mostrasse errada, como relatarei, a seguir. Como era de praxe, pedi seu número e ela me presenteou com um cartão de sua loja - ela também possuía sua própria grife, apenas roupas femininas de muito bom gosto. Plumas delicadas dignas de princesas enfeitavam ombros, quando não estivessem de fora. Não tardei para lhe fazer um telefonema. Era ótimo poder ouvir sua voz mais uma vez e que doçura demonstrara ao responder cordialmente meus insuportáveis e desconfiados comentários a respeito de nossos breves encontros. Estive, de início, receoso para tomar qualquer atitude. "Salvo engano, estou certo de que lhe ouvi mencionar um Senhor Bertini, será que não?". Como quem não desse importância alguma à pergunta que eu acabara de lançar, perguntou minha idade. "Vinte e quantos que você tem?" sem entender, acabei respondendo-lhe que "na verdade tenho trinta, e você?" Emendei sem esperar que dessa vez ela me respondesse. "Trinta e um", finalmente ela tornou a falar, "Eu tenho marido, sim. Mas estamos separados há 9 meses, embora no papel continuemos juntos. Já não o amo e não tenho porque me provar de encontros furtivos na calada da noite." Fiquei sem entender, mas não me importei. O fato é que teoricamente o caminho estava livre. Marcamos de almoçarmos juntos, na segunda-feira próxima. Cheguei meia hora mais cedo e fui me ambientando ao local. Na verdade reambiantando; cerca de vinte anos atrás tive uma péssima experiência nesse mesmo restaurante; quando ao terminar de me servir, tropecei no pé de uma cadeira, no final do buffet. Não preciso dizer o que significava uma criança derrubando pratos, espalhando comida por todos os lados, sujando o calçado branco novo com molho sugo - sem contar o vestido, também branco, da donzela que quase terminava sua refeição e que se viu obrigada a sair aos prantos, também encharcada de molho. Além da vergonha e desonra em pleno meio dia no meio da high society, também fiquei sem almoço e de castigo por uma semana. Creio que já era hora de deixar o passado para trás e se permitir novas experiências. Expandir novos horizontes. Feito a ronda do buffet até o toilette duas vezes, temo que meu nervosismo tenha sido notado e decido sentar-me junto a entrada. Não tardou muito para que eu recebesse uma ligação. "Já cheguei, podes vir. Não esqueça que somos primos, tá?" Como assim, primos? Me pergunto internamente sem feição alguma no rosto. Mas lá vem ela... linda, poderosa. Dona de si, e com toda a certeza de um closet de dar inveja a qualquer modelo parisiense. Um breve abraço de cumprimento já me diz tudo o que eu precisava saber; é esse calor que me falta. É desse afeto que eu preciso. "Que bom te ver", ela começa, quando já estamos sentados à mesa, prontos para comer. É apenas nesse momento que ela dirige a palavra a mim. "tenho tantas coisas pra te dizer. Não ligue se a minha filha lhe ignora. Ela tem seus dias..." Referia-se à doce e jovem Isadora. 'Dorinha' como todos a chamavam, era uma menina de 4 anos de um gênio indomável. Apenas sua vó trazia a calma e gentileza dessa princesinha em forma de criança. De fato ela poucas vezes olhou pra mim, embora eu me esforçasse um bocado para agradá-la. Tentativas em vão. Dorinha estava super entretida com seus brócolis e chocolate(?) que quase não notava minha presença, o ser babante ao lado caindo pela sua mãe. "Por onde começar" - ela finalmente continuou, "Sabe. O que eu vou lhe contar agora pode parecer meio estranho e é capaz de julgar-me por louca. Mas preste atenção em tudo que irei lhe dizer e peço que não me interrompa. Ao final sim, terás espaço para opinar. Eu sou meio sensitiva. Embora tenha sido criada como católica, cresci com fortes influências espíritas, de modo que não deve gozar do que está prestes a ouvir. Digo isso pois já sei sobre suas tendências atéias, mas ouça-me! Eu tenho certas habilidades que me permitem lembrar de minhas vidas passadas. Algumas na verdade são de um tempo futuro, comparado a hoje. Me lembro de alguns poucos detalhes, mas sonho sempre com grandes catástrofes pouco antes que elas aconteçam. Vivi quedas de aviões no Brasil e o 11 de setembro. Não pense que eu poderia ter feito algo pois é tudo em cima da hora apenas para que eu prepare conhecidos, nunca pude efetivamente salvar alguém com essas informações. E o que eu queria te dizer com essas informações é que eu já te conheço, Oliver. Nós nos conhecemos de outra vida. Não consigo lhe dizer se é uma vida do passado ou do futuro, mas quando me deu Oi pela segunda vez, pude perceber. Você veio em boa hora. E foi o seu Oi que me acordou. Às vezes eu conheço as pessoas, mas se elas não derem o start, nada acontece. E foi o que você fez. Por isso eu precisava tanto te ver e insisti para que nos víssemos o mais breve possível. Quero te conhecer. Ver quem é essa nem-tão-nova pessoa que foi inserida em minha vida e como posso te fazer feliz." Realmente fiquei boquiaberto com todo o relato da encantadora jovem, mas não quis refutar de início. Decidi que era hora de me deixar levar e ver o que acontecia. Até porque, ela sabia mais de mim do que eu dela. E por não se tratar de alguém tão inexperiente assim, eu não tinha porque me preocupar. Pelo menos por enquanto. Bebemos apenas água durante o almoço. De sobremesa, Dorinha ganhou um ovo de chocolate com surpresa dentro, chegou a me oferecer um pedaço, mas ela o comia com tanto prazer, que não tive coragem. Quis perguntar sobre a história do primo, mas naquele momento já não importava mais. Pareceu-me que ela almoçava frequentemente por ali, mas não compreendi muito bem qual o problema em sermos vistos juntos, nada para além do óbvio, é lógico. Aproximava-se o horário das aulas da pequena e fui convidado a acompanhá-las até a escola. Cheguei até mesmo a ser reconhecido por lá. Uma antiga professora (e quando digo antiga, segue-se os mesmos 25 anos atrás) me viu entrando com a prima e foi logo puxando conversa. "Como vão seus pais?", "O que andas aprontando, já está casado?", "O que houve com tua prima? Ela está muito magra!". Nosso plano de fuga quase vai por água a baixo, mas como que em perfeita sincronia, bastou um olhar discreto entre nós para que os acordos de histórias fizessem sentido e nossa farsa não foi desmascarada. Creio que seja possível até mesmo dizer que, se não entendi errado, a própria ex-professora deu em cima de mim, quando mencionavam meus dotes de finalmente adulto. E para provocar, a Madame.... puxa vida, ainda não lhes contei o nome dela, não é mesmo? xxxx. O nome que me faz borbulhar o estômago e encher os olhos de lágrimas e pesar. A madame xxxx foi capaz de ainda lhe dizer que eu "tinha sorte de ser seu primo, pois se não...." que havia eu de pensar sobre isso? estava amarrado até os dentes. Voltamos para o carro e dessa vez nos dirigíamos para sua casa. Ainda antes disso ficamos dando algumas voltas, conversando e observando as paisagens. Paramos o carro em algum lugar e pusemo-nos a compartilhar ainda mais um do outro. Vontades, desejos e anseios. Tudo mais quanto melhor. Eu a ajudei e ela me salvou. Uma reciprocidade nascia e se permitia de forma tão natural que assustava. Devemos ficar juntos. Me perguntou quais eram meus planos para o futuro. Confessei. Bolamos um novo traçado juntos, onde estaríamos todos juntos, felizes e contentes, casados em outro continente. Me deu vontade de conhecer seus pais e quase mesmo cheguei a amá-os sem nunca os ter visto, tamanha era a beleza e poder descritivos de xxxx. Abraçamo-nos. "Eu sou louca por ti, Oliver", ela começou. "eu precisava te ver hoje. Precisava mesmo. Quisera ter te conhecido 10 anos atrás", segredou-me. Mas não, não teria dado certo. "Sou obrigado discordar, xxxx. Há 10 anos atrás eu não lhe seria de nenhuma utilidade. Nos conhecemos na hora perfeita. No único momento possível", expliquei. "Tudo acontecera do jeito que tinha que acontecer, e de modo incorrigível". Ela me falou exatamente o que eu precisava ouvir. Exatamente o que meu coração ansiava há tanto. E eu era o cavaleiro montado no cavalo branco pronto para o resgate. Nossos lábios então se tocam. Levemente e apenas por um instante. Basta - para que a certeza se firme ainda mais. O coração que batia desesperado de alegria e encantamento, enrubescendo toda a face, agora sentia também um pequeno vazio, ao perceber que havia me afastado dela. Tomados os caminhos diferentes, me dou conta de que passamos seis horas juntos. Seis horas me despindo espiritualmente a ela na tentativa de convencê-la do que ela já sabia. Eu estava perdidamente apaixonado. Seu sorriso, sua face pálida e serena, sua cândida e encantadora voz, os dedos trêmulos, que seguravam os meus.... Tudo nela estava em perfeita sintonia com o momento. E eu já sentia sua falta... Precisava dela tanto quanto precisava de ar pra respirar... x

tanta coisa mudou...

A vida como marido e pai é além do que dizem... Esse amor singular não pode ser expresso em palavras. Quando ouço o choro dela ao me ver fechando a porta para ir trabalhar, por vezes choro também - não quero ir, deixa eu ficar mais um pouco... Mas aí a mamãe te leva pra janela e você sorri, sorri demais e eu agora estou seguro para ir trabalhar. Estamos nos tornando cada vez mais conectados. Quando a vejo caminhar sem apoio (façanha conquistada antes dos 10 meses) em minha ou qualquer outra direção meu coração dispara - calma tempo! Esse foi o pedido da mamãe: que a Maria andasse antes do papai competir nos JASC. Papai queria você no pódio junto comigo. Mas para isso seria preciso enfrentar muitos desafios!
A nova posição de gerente no restaurante exigiria muito mais disposição e trabalho dos neurônios. Um pouco mais de tempo longe de casa, que tortura!
A bicicleta ganhada de segunda mão ajuda muito no deslocamento diário, porém, seu banco baixo ia pouco a pouco prejudicando meu joelho esquerdo. Não havia outro modo. Para ir a pé (o que poupava parcialmente apenas o joelho) necessitaria de mais minutos preciosos longe de você.... Não quero. O treino era árduo e por vezes, impossível de se realizar. E olha que eu sou de aguentar um incomodozinho. Com os JASC chegando, não poderia me machucar, fizemos uma tratamento mais puxado na reta final, treinos com os outros barreiristas; tudo pronto.
Este JASC tinha um sabor especial pra mim. Em 2007, meu segundo JASC e com 19 anos eu fui campeão dos 110m com barreiras! Essa prova que eu treinei desde 2003 e que eu tanto amava! O 47o JASC foi em Itajaí e a final foi muito acirrada! É possível ver na foto da última barreira que pelo menos 2 adversários passavam por ela junto de mim. Mas a vitória veio, com 15.08s, meu PB eletrônico por mais de um ano... Havia um repórter Joinvillense que encontrou minha mãe na arquibancada e ela contou sobre mim - que deveria correr a final dos 110cb em breve e então ele se posicionou para tirar algumas fotos e saí no jornal! Que demais!!
Então esse ano de 2017 tinha esse barato de 10 anos da minha primeira vitória. E eu nunca conseguia vencer a mesma prova dois anos seguidos. Pois vejam:
2006: 4o no 110cb - 4o no decatlo
2007: 1o no 110cb - 4o no decatlo
2008: JASC cancelado por conta das chuvas
2009: 1o no 110cb - 2o no decatlo (esse ano merece um post)
2010: 1o no salto altura (srsly tho) -1o no decatlo
2011 - 7o no arremesso de peso (quebrei meu pé no salto em altura, era o que dava kkk)
2012 - 2o no 110cm (eu estava de volta) - AB no decatlo
2013 - 1o no 110cm - 1o no salto em altura
2014 - 3o no 110cb - 4o no salto em altura
2015 - 1o no barreira - 1o no salto em altura
2016 - JASC cancelado por conta das chuvas
Portanto esse seria o ano em que minha filha andaria do meu lado para o pódio, eu seria penta campeão no 110cb e comemoraria 1 década da minha primeira vitória no JASC!
Óbvio que falar é fácil, agora e aguentar a pressão? Todo mundo estava correndo MUiTO nesse ano, os 4 primeiros do ranking fazendo 14.6 de uma forma sublime. Eu sabia que o vencedor seria aquele que errasse menos. Todos queriam vencer. E 1 ficaria de fora do pódio. Eu só não podia ficar de fora. Pra piorar a situação, não saltei bem no altura. Na verdade nunca saltei tão mal. Lidar com isao foi fogo. Tive que trabalhar muito o psicológico naquela hora. Vergonha da técnica, pelos saltos lixosos, decepção pra esposa e filha, que sabiam que eu podia mais, até minha mãe estava lá, ela já viu bastante coisa então acho que pra ela foi tranquilo. Pensei em ir embora do setor, mas não seria bacana com meus adversários, que sempre ficam para prestigiar de perto o desfecho. Ali mesmo, assistindo o Dionei vencer lindamente (parabéns) o grande mestre e favorito Jorge, e o dinossauro Sidnei de Timbó saltar 1,75 de calças e tênis com 3 passadas kkkk - ali mesmo, me perdoei. E sabia que com o barreira seria diferente. Pensei o tempo todo em ser campeão, mas não sentiria vergonha de subir com minha filha à esquerda ou direira de quem que estivesse no lugar mais alto. Mas eu via e projetava toda a minha corrida, "visualize the victory".
E sábado de manhã eu estava pronto. Minha semi final estava marcada para as 9:20. Éramos apenas 9 inscritos para uma pista de 6 raias. Mas a chuva veio.. Eu me sentia ainda melhor, poderoso! Afinal de contas todo joinvillense é meio sapo, meio anfíbio...
A chuva foi pra mim a cereja do bolo! Treino em pista de carvão com muitos dias de chuva no ano. Não me deixo impressionar por ela e sei como dominá-la. Supunha então que meus adversários que treinavam em pista sintética já não fossem mais ficar tão animados. Só faltava mais uma prova antes de colocarem as barreiras para nós. No entanto, choveu demais. Minha vantagem havia ido água baixo... Suspenderam a competição até de tarde. Chuveu muito. Às 15:30, após nova reunião, decidiram começar aos poucos as provas na sequencia...Algumas raias estavam muito danificadas, muitas provas mudaram pra final por tempo, INCLUSIVE A MINHA! Ponto negativo pra mim. Gosto muito de correr duas vezes. Sempre faço um tiro melhor na segunda vez, como de costume o 110 do decaltlo precedia a semi final do 110 individual. Precisaria deixar essa crença de lado e dar meu tudo no tiro único. 19:40 podiamos confirmar a prova. Peguei na série do meu "rival" Leuze de Chapecó e o "calouro das barreiras altas" Jucian. Estava tudo perfeito. Fiz o aquecimento como manda o figurino, mas nossa prova não tinha hora certa pra começar, apenas uma sequencia de provas. Aquecemos muito cedo e no frio foi difícil se manter aquecido. O joelho dava mostras de que não estava 100% mas isso eu dominava facilmente. Ele apenas doia em movimentos em que não havia firmeza, deterninação. Portanto eu tinha certeza de que aguentaria a prova inteira sem falhar. Então mais uma distração, uma reclamação de distribuição de séries foi feita e fui jogado para a série mais fraca. E agora? Se falhar, já tenho a desculpa, mas não quero. quero correr e quero ganhar. Fiquei un tanto chateado mas logo já consegui me motivar para correr 'sozinho'. Afinal de contas, eu precisava fazer a MiNHA corrida, sem ficar de olho nos outros nem me deixar impressionar. Ainda faltavam 4 ou 5 séries de 200m pra arrumarem aa barreiras, nova mudança: com apenas 8 atletas confirmados, a final por tempo será corrida em 2 séries de 4 atletas! Eu estava de volta com os mitos! Fechando a nossa série estava o novíssimo porém extremamente talentoso Tiago de São José. Corri na raia 1, antes alagada, agora bem pisoteada e até que firminha. Arrumei meu bloco de um jeito diferente mas que se provou sensacional. 2o pino no pé da frente e 3o no pé de trás. Eu me sentia seguro, me sentia preparado!
ÀS SUAS MARCAS! Ordenou o árbitro e eu, fazendo meu ritual de entrada no bloco, quase perdi minha deixa, com o sinal de pronto sendo dado antes de eu estar completamente imóvel, mas no entanto, os apitos soam. Largada falsa. Alguém havia queimado e estava fora da final. O pódio é que ficou pra correr, mas qual posição cabia a mim? Mais uma saída, dessa vez me aprontei mais rápido, estava pronto e atento. A toalha amiga estava comigo. Não que eu tenha derramado muito suor antes da prova, era Lages. 09:32 da noite. Mas ritual é ritual. Quem falhou dessa vez foi a arma, novamente uma saída falsa. A tensão só fazia aumentar, mas na terceira vez, estava valendo! De acordo com meu compadre, eu nunca fiz uma saída tão boa! Cheguei firme e veloz na primeira barreira, na quarta meus olhos já estavam cheios de lágrimas pelo vento gelado. Dei um piascadão e minha visão voltou ao normal. Segui firme ultrapassando o primeiro colocado lá pela sexta barreira e vencendo com o tempo de 14.96
Na raia 1, no carvâo de Lages, pós chuva. Gold Card?
Sensação boa demaais!
Mesmo com Maria dormindo, subiu comigo no pódio para recebermos a medalha de 1o lugar da amada mamãe <333 tudo perfeito! Queria que esse momento durasse pra sempre. Ali eu estava feliz, contente, relizado, aliviado e principalmente... com uma super dor no joelho kkkkk

Externalizando Frustrações

Eu me tornei uma pessoa ruim. Desde que te conheci me tornei uma pessoa pior!
Me sinto mais inseguro, mais medroso, mais reckless. Sei que já não sou mais o mesmo, que minha identidade se perdeu, que tenho me afastado mais do que costume com meus amigos. Que aliás você nem considera meus amigos, não é mesmo? Diz que se fossem meus amigos de verdade veles viriam até mim e eu os veria com mais frequência. É você dizendo como eu me sinto, o que eu penso, o que eu quero dizer. Sempre da forma mais pessimista e infeliz imaginável. Sei que já não sou um entusiasta há muito. Mas não quer dizer que tudo tenha que ser da pior maneira possível...

Passei por momentos terríveis, sentimentos que não desejo à ninguém. Justamente como haviam me dito que seria e é realmente muito desesperador; perder a confiança de um jeito que sinto-me observado toda vez que volto pra casa. As pessoas tentando achar algo de diferente, estranho que possa me delatar. Passos trôpegos, pupilas dilatadas, frases balbuciadas ou qualquer outro comportamento incomum...Pernas doendo, joelhos latejantes, mesmo deitado a única vontade é que a dor pare. Que o choro pare... Será que consigo trocar essas fraldas? Oras, mas é claro que consigo, isso é fichinha. Não importa se o cocô está vibrando verde neon e não sinto as pontas dos dedos. Simplesmente é algo que eu preciso fazer e então eu o farei. Com primazia e efetividade. A man's gotta do what a man's gotta do.

Você me enganou. Não sei porque quis me amarrar e fingiu ser quem não era. Não pertencia ao meu tempo mas nele ficou e estagnou. E lacrou. E já que é pra tombar, tombou. Me perdi loucamente de amores.... por uma ilusão? O que daquilo era verdade? Falava sempre apenas com suas alturas? I feel down. Hopeless. Só esperando o tempo passar, o tempo me libertar. O dinheiro me consumir e na melancolia afundar.

O mundo lá fora

Tão cheio de risos, vida...
Você.
Como poderia preferir a ardencia nos olhos,
o mau jeito na coluna;
a espera.
É lá, é lá.

Lá que você está, onde contigo nasci pra ficar. Te amo!

Papai

Papai...
Que dorzinha é essa que estou sentindo? E por que estou assim, tristinha? A mamãe também está assim
Você um dia me prometeu que iria cuidar de nós, porque éramos suas gatinhas! Por quê nos deixou assim, papai?
Agora vamos ter que viver assim, longe um do outro. Saiba que assim como a mamãe, eu também queria você pertinho de mim!
Eu te pedi pra teres mais paciência com a mamãe, porque as loucuras dela iriam piorar e que não seria nada fácil de lidar. Acreditei tanto em você papai!
Eu pedi pra você ser forte, pois quando eu nascer, se você me permitir, te recompensarei por tudo isso!

Agora eu estou começando a me exibir, papai! Chutando a barriguinha da mamãe, você não vai estar junto para me ver, falar comigo. Agora eu já escuto a sua voz!
Quando nos conhecermos, vamos ter uma conversa, papai?
Que você fique bem, onde quer que esteja, porque eu vou fazer de tudo para a mamãe ficar bem também!
Não se esqueça, EU TE AMO!
E sempre que der, lembre-se de mim também, hehe
Logo estarei em seus braços...

Nada dá certo e eu só quero morrer.

Estou infeliz. Mancadas todoaonde e não é de propósito, óbvio que não. Falta noção? O que me falta? tento fazer as coisas certas, mas tá tão foda... Que sensação ruim é essa. Sem domínio algum sobre nada. Perdi minhas forças e não sei o que fazer na sequencia. Ir com a maré me é penoso em demasia, também não quero. Mas nadar contra a correnteza seria ainda pior. Flashback? Repuxo do caralho. Que faço eu? Te espero? Mas demora muito... Quero logo esse abraço prometido.

Tchaub

Eu tenho tanto o que aprender, eu tenho tanto para amar, tenho tanto para doar, tenho tanto que aproveitar. Como evitar o sofrimento, quanto eu me entrego de corpo e alma, sem receio algum? É como saltar de um penhasco sem a certeza de ter afivelado corretamente o parachute. Você simplesmente se entrega a uma sensação única e sensacional! Mas e quanto ao pouso? Pode ser que esteja tudo certo e terminado o mergulho, esteja pronto pra saltar novamente, quantas vezes forem necessárias. Mas posso muito bem me estatelar no chão e dar de cara com a realidade. E que realidade seria essa? A de que 'só sei que nada sei'? Pois de todas as coisas que faço errado e sou criticado, 80% das vezes eu estava pensando fazer algo certo e nos outros 20 eu nem sabia o que estava fazendo... Não estava prestando atenção. Será que é isso que me falta? Dedicação? Atenção? Mas eu sou todo amores... Pelo visto não. Quero tanto me dar bem contigo. Quero tanto poder acordar todos os dias na cama, ao teu lado e ver teu rosto se virando pra longe... Brincar de puxa-puxa de coberta durante a madrugada, buscar mais água na geladeira, levantar pra escovar os dentes e voltar a dormir... Quero tanto você em meus braços... Te acolher e proteger; confortar. Mas eu não consigo... Meu jeito desleixado e libertador de ser te deixa tão insegura. Aos teus olhos sou capaz de tudo. Inclusive te enganar e mentir em cada gesto e frase. Talvez eu te superproteja por causa disso. Tento forçar algo que, se não acontece naturalmente, não irá acontecer. Te trato com a maior transparência possível, fazendo inclusive o que você jamais faria, pois afinal de contas, temos nossas vidas separadas; precisamos delas. Não é pra criar dependência. É pra agregar uma parceria e cumplicidade. Poder contar com o outro, mas também saber ouvir. Dialogar antes de tirar conclusões preciptadas; amar mais, julgar menos. E eu que sou tão teu... todo teu. Tão só.

Treze Nove Avos

         —Ouvi dizer que será muito legal! Pra falar a verdade, há algumas semanas eu fui lá, mas era algo mais reservado. Só estacionava carro Top Line! Tratava-se de um flat com uma vasta adega e água tônica aos montes! Ficamos pouco tempo, é verdade, mas foi inesquecível! Sinto que dessa vez será ainda melhor!
Oliver tentava persuadir seus amigos para irem nessa festa que prometia ser "do caralho", embora ele mesmo não tivesse tanta certeza assim do que ocorreria, na verdade.  Tá, então vamos, né! Respondeu-lhe Bruna, sem muita convicção, mas animada com a possibilidade de continuar no embalo. Acompanhada de seu marido e o irmão dele, embarcaram os quatro em uma belíssima voiture française e partiram em direção ao evento!
TXR? mas isso não é nome de motocicleta? indagavam todos, com exceção de Oliver, que supostamente sabia de alguma coisa. Ah, todo mundo estava falando, lá dentro. Parece que tinha até evento no Face. E tinha mesmo. 'Amazin Day!' uma festa diurna que daria sequencia ao evento n'O Jardim, na noite passada. Mas o que Oliver estava prestes a vivenciar, ele não esperava nem em 100 vidas.
         Chegaram ao local passava pouco das 8 da manhã. Foram umas boas 10 verstas para atravessar a cidade, mas o trânsito era tranquilo, nessa hora do dia. Alguns carros aguardavam do lado de fora, o que era estranho, pois havia estacionamento interno. Os semblantes dos já presentes também não era o dos melhores. A dúvida pairava.  Vamos descer e dar uma averiguada, concordaram.
         —Bom, eu reconheço aquele cara ali e esse outro também. Mas não sei por que ainda não entraram... Os nervos do pessoal variavam entre a euforia e o desespero, a ansiedade e o ódio(!). Parece que o evento só teria seu início a partir das 11 horas. Faltava ainda mais de duas horas para que pudessem entrar e descobrir o intuito do evento - que por hora era apenas de alta irritabilidade para os mais apressados. Muitos foram embora pra casa, alguns mataram tempo na lanchonete da esquina (coitado do dono, certamente não estava aguardando clientes naquela direção - pra frente), e um grande pessoal ficou por ali mesmo, próximo da entrada. Música nos carros havia pouca. Parecia ser um ambiente residencial, embora a TRX fosse uma casa de eventos, portanto, comportaram-se o tanto quanto era possível para não atrair a atenção das forças legais. E aí, Oliver, vamos ficar aqui? Tá podre! fazia sentido. "Mas nãão! Fiquemos! Sei que vai dar boa! Não podem esperar um pouco mais? A resposta era não. E tão logo lhes assegurou que daria um jeito de chegar são e salvo em casa - não importando o horário, partiram! E aí a coisa muda de figura.
         Beleza, e agora? Não encontro o Doug, antes das 11 não vai ter jeito mesmo de entrar. Se bem que eu ainda tenho essa meia garrafa de vodka aqui... Argh! Puritana a bixa é braba! Não rola. Então vamos recapitular: lá está o Cris e aquele cara louco... o "lutador" também está por ali, patricinhas cheias de merda e as emos que quebram tudo... Opa, o maluco do alargador tá ali. E aí cara, tudo certo? 'Tão, só às 11h a parada aí. Não quer descer lá e buscar uns energéticos pra nós, para que possamos terminar isso aqui? Puro assim não dá. Até já! Cara engraçado. Ele é daqueles fortinhos assim que não são muito altos; boas companhias. No carro com ele, mais três gurias, salvo engano. Não reconheceria nenhuma delas, se aparecessem na minha frente novamente. Paga preço. Mas ei, que carro é aquele(!), apareceu agora. Saveiro vermelha, certeza que tem som. Um cara e duas minas, como couberam? "Ai amiga, tô com muito frio!", dizia uma delas, abraçando-se na tentativa falha de se esquentar. Vestia um cropped cor bege, rosa claro, cor-de-pele (essas que homens não sabem diferenciar, sabem?) e uma saia longa preta com corte lateral, deixando exposta uma de suas belas pernas;, firme e modelada. Os óculos delatavam sua altitude, assim como seus curtos, porém frenéticos movimentos - alguns diriam até mesmo espasmos - em resposta à música que tocava com grave digno, na Saveiro. Pensei com meu zíper, "Essa jaqueta não me serviu de bosta nenhuma, durante a noite, finalmente terá uso". Aproximei-me das duas sem dizer nenhuma palavra, tirei a jaqueta e gentilmente a coloquei nos ombros da bela morena de cabelos longos e escuros. A reação fora positiva e eu voltei a me afastar, voltando pra perto da garrafa. Pena mesmo que a garrafa andou sozinha e consegui acertá-la, tão levemente que parecia que caia em câmera lenta. Mas não foi. Caiu e quebrou, derramando mililitros precisos que puta que pariu(!), onde eu iria arranjar de volta, agora que os energéticos estavam chegando? Tentei salvar um pouco, mas devido a possíveis fragmentos minúsculos de vidros que não cansavam de rasgar-me as entranhas, a deusa amazona não me deixou tomar. Detentora da jaqueta nem tão cara assim, julgava exercer certo poder sobre mim. Ela ainda não sabia que estava correta. "Que fase", foi o que consegui proferir. Paguei preço.
         —Ô, qual que é teu nome? Ai, Gui, to muito louca! Que chato que só vai abrir às 11, né? Meeu, tem uma hora ainda pra gente ficar aqui, viajando. Ô amiga, por que ele não fala comigo? Que cara chato, né... Ai, preciso ir ao banheiro. E foi. Parece-me então que a menina não parava de falar, ou pelo menos até que a bixiga falasse mais alto. Subiu em um dos apartamentos da rua, com uma garota que ali morava e foi voltar só mais perto das 11. Nesse meio tempo fiz amizade com o casal. Parece que haviam também se conhecido naquele dia, e coincidência ou não, estávamos na mesma festa, antes. Eu me lembrava de pouca coisa e vou lembrar de ainda menos disso que vai acontecer agora, mas não tem problema. Prazer, prazer. Daora o carro. Legal, legal. Onze horas. Finalmente bateu e eu já estava sem camisa, derretendo. Aquela Afrodite mulata já havia voltado e estava ali, ansiosa. Tentei acalmá-la, aproximei-me e a beijei. Ela beijou de volta; fogos de artifício. Seus olhos que me devoravam, seu toque, sua boca na minha, que loucura. Locura que eu não conhecia o preço a ser pago. (***) Vamos entrar? Mas peraí, como assim tem que pagar? Meu corpo não está preparado para isso! "Ei cara, vi que você tá sem dinheiro, mas eu troco esses energéticos aí pela sua entrada, o que me diz, hein?" E eu lá tive escolha? #Partiu
         Lá dentro era demais. Dois ambientes, algumas antessalas e uma formosa escada de madeira que levava ao deck. O brilho do sol escaldante refletia na água da piscina e abria o sorriso de todos os presentes. A vibe era insana. Andava por aí com a Pocahontas brasileira e consegui, mediante contrato verbal com Cris, um combo para finalmente diluir os energéticos do cara-do-alargador. Paguei preço. Lá pelas tantas decidi que era hora de sentar e dar uma recuperada (leia-se 90 minutos de soneca sem baba no sofá à beira da piscina. Acordei, mas não vi ninguém me olhando. Não parecia que eu havia sido sacaneado e de longe pude avistar my Nigga apontando e rindo pra mim, heh. Já era "tarde" e os amigos da índiazinha de canga preta estavam de saída. "Você vem com a gente?" perguntaram à ela. "Não sei..." eu precisava fazer algo. "Fique! Eu te dou carona pra casa, depois!" ela não precisava saber que eu não estava em condições de dirigir e muito menos ainda que nem de carro eu estava! Heh. Pois que ficamos ainda mais um tempo por lá, até que por volta das 20h, o som parou. Assim como nossas energias. Era hora de voltar pra casa e quelle surprise quando my Nigga se propôs a nos levar para casa (UFA). Éramos 4, então. Dois casais no pugzinho, rumo ao infinito. Mentira, só nos deliveries para o repouso final. Sei que lá pelas tantas, a nega do molejo mole pergunta à loira: "Ai amiga, desculpa, mas como que é teu nome, mesmo?", "Priscila, muito prazer!". A hora era agora. Nem titubeei e já lancei: "Priscila, agora seria de bom tom que você perguntasse à jovem dama, qual o seu nome". Vitória! Óbvio que ela percebeu meu vacilo na hora, mas foi gentil o suficiente pra tomar tudo como uma grande brincadeira. À porta de sua casa, mais beijos e a troca de números que possibilitaria todo um novo mundo de experiências e romances... #xonei <3 o:p="">
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